Deputados destinam milhões a série conservadora sobre colonização do Brasil via emendas Pix
- porRedação
- 17 de Junho / 2025
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| Créditos: Reprodução/Redes Sociais
O deputado federal Marcos Pollon (PL), crítico da Lei Rouanet e de projetos de fomento cultural, destinou R$ 1 milhão em emendas Pix ao governo de São Paulo para a produção de uma série documental sobre a colonização do Brasil. O valor final, no entanto, será repassado a uma associação privada, a Academia Nacional de Cultura (ANC), que possui ligações com igrejas evangélicas e se autodenomina conservadora.
A ANC, fundada em 2020 e sem histórico em produção audiovisual, já recebeu um total de R$ 2,6 milhões em emendas Pix. Além de Pollon, contribuíram os deputados Carla Zambelli (PL-SP) com R$ 1 milhão, Alexandre Ramagem (PL-RJ) com R$ 500 mil, e Bia Kicis (DF) com R$ 150 mil. Essas verbas foram destinadas, em 2024, ao projeto da série de TV intitulada "Heróis Nacionais – Filhos do Brasil que não se rendem".
O endereço registrado da ANC no CNPJ, em um prédio comercial na Avenida Paulista, é um coworking que informou nunca ter tido a associação cadastrada. A ANC não se manifestou sobre o assunto, apenas informou que sua sede operacional está em outro local.
A série documental será dividida em três episódios: "Portugal: Luz para o Brasil", "Padre José de Anchieta: Apóstolo do Brasil" e "Dom Pedro I: o Libertador". A ANC é parceira de igrejas e integrou o GT Cristão, associação que busca reunir líderes evangélicos para promover pautas cristãs em assembleias legislativas. As gravações incluirão cidades portuguesas, com previsão de gastos para 22 passagens aéreas.
O diretor da série é Doriel Francisco da Silva, da Dori Filmes, conhecido por dirigir um documentário sobre Jair Bolsonaro ("A Colisão dos Destinos"). Pollon justificou o repasse como apoio a uma "produção cultural conservadora", com emendas de "alguns parlamentares" concentradas em São Paulo para esse fim.
Vale ressaltar que Pollon, em conjunto com os deputados federais Eduardo Bolsonaro e Mário Frias (ambos do PL-SP), também destinou R$ 860.896 a um documentário intitulado "Genocidas". Essa produção, realizada por ex-integrantes da Secretaria Especial de Cultura do governo Bolsonaro, recebeu o valor entre 7 e 11 de fevereiro, segundo o Portal da Transparência. As emendas foram enviadas à associação Passos da Liberdade, que tem como um dos nomes ligados Rodrigo Cassol Lima, ex-secretário Nacional de Desenvolvimento Cultural no governo Bolsonaro.