Copiloto da Voepass falou que precisava ‘dar potência’ antes de queda

Um avião da Voepass, antiga Passaredo, caiu no início da tarde desta sexta-feira (9) em Vinhedo, no interior de São Paulo. O avião tinha 62 pessoas a bordo, sendo 58 passageiros e quatro tripulantes. Segundo a prefeitura, ninguém sobreviveu. O voo 2283 saiu de Cascavel (PR) e iria para Guarulhos. O avião acidentado, prefixo PS-VPB, é um ATR 72-500. Imagens de redes sociais registraram a queda | Créditos: Reprodução

A TV Globo divulgou, nesta quarta-feira (14), informações registradas no gravador de voz do avião da Voepass, que caiu em Vinhedo (SP) matando 62 pessoas na semana passada.

Técnicos do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) transcreveram duas horas de áudio. Em um dos diálogos, ao perceber que o avião estava perdendo sustentação, o copiloto Humberto de Campos Alencar e Silva questionou ao piloto, Danilo Santos Romano, o que estava acontecendo naquele momento. O próprio copiloto afirmou que era preciso "dar potência" para impedir a queda, segundo a emissora. Gritos da tripulação tentando reagir encerrariam a gravação.

Cerca de um minuto se passou entre constatação da perda de altitude até o contato da aeronave com o solo. Mesmo com os áudios da cabine, ainda não foi possível confirmar as causas do acidente com o ATR 72. O excesso de gelo nas asas do avião, como causa da tragédia, não foi confirmada nem descartada.

Barulho das hélices, localizadas próximo à cabine, dificultaram o entendimento de alguns diálogos. Técnicos, no entanto, disseram à reportagem que "não identificaram sons de alerta característicos, como a presença de fogo, falha elétrica ou de pane no motor".

FAB nega vazamento de áudio
Em nota, a Força Aérea Brasileira afirmou que nenhum veículo de imprensa teve acesso ao conteúdo extraído das caixas-pretas. "A FAB, por meio do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, assegura que nenhum veículo de imprensa teve acesso aos áudios, transcrições, tampouco aos dados dos gravadores de voo, popularmente conhecidos como caixas-pretas (Cockpit Voice Recorder e Flight Data Recorder) da aeronave", diz o texto divulgado na noite desta quarta-feira (14).

O Cenipa destaca, ainda, que segue estritamente os protocolos específicos estabelecidos pela Lei nº 7.565/1986 (Código Brasileiro de Aeronáutica - CBA), pelo Decreto nº 9.540/2018 e pelo Anexo 13 à Convenção sobre Aviação Civil Internacional, de 1944. Por fim, a FAB reitera seu compromisso com a transparência e a seriedade na condução das investigações, bem como pelo respeito à dor dos familiares das vítimas envolvidas no acidente.
Força Aérea Brasileira, em nota

Relembre o acidente
Avião decolou às 11h50 e pousaria às 13h45, segundo o FlightAware. O modelo ATR 72 pertencia à Voepass Linhas Aéreas e tinha 58 passageiros e 4 tripulantes a bordo. Todos morreram.

Aeronave despencou quase 4 mil metros em dois minutos. O registro de voo do Flight Radar mostra que o avião estava a 17 mil pés de altitude às 13h20 e a 4 mil pés às 13h22, quando o sinal de GPS foi perdido pela plataforma. A aeronave caiu pouco mais de 20 minutos antes de pousar.

Imprensa internacional repercutiu a queda do avião. Entre os jornais que reproduziram os vídeos do acidente estão o canal canadense CTV News, o jornal inglês The Mirror e o americano USA Today.

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