Congestionamento se estende nos dois lados da rodovia sem previsão para fim do bloqueio

Protesto deixa caminhões parados na região da Reserva Indígena de Dourados, | Créditos: Dourados News

Centenas de veículos formam filas quilométricas nos dois sentidos da Rodovia MS-156, na região da Reserva Indígena de Dourados, que está bloqueada desde o início da manhã desta quinta-feira (11/1). Os indígenas reivindicam uma posição do governo federal e a solução do antigo problema da falta de água no local.
Conforme o Dourados News informou anteriormente, o movimento é pacifico e os únicos veículos liberados são os de emergência, como ambulâncias. As lideranças afirmar que não há previsão para a liberação da pista e caso não haja um posicionamento do governo, outros trechos que passam pela reserva serão bloqueados.

“Estamos aqui reivindicando saneamento básico e que a ministra Nísia, do Ministério da Saúde, nos ouça. Não adianta nomear um monte de indígena e não dar condições para trabalhar, queremos que ela nos ouça e que possa ouvir as oito reservas indígenas que estão sem água”, afirma Valdelice Veron, uma das lideranças do movimento Aty Gwasu, ou grande assembleia do povo Guarani-Kaiowá.

Entre as reivindicações está a construção de poços artesianos para atender a população que há anos sofre com a falta de água potável. Em uma área de 3,5 mil hectares, as aldeias Jaguapiru e Bororó formam a Reserva Indígena de Dourados, a maior do país, com quase 20 mil indígenas das etnias Guarani, Kaiowá e Terena, que vivem nas duas aldeias.

“Existe um grupo de trabalho técnico criado em março do ano passado ao qual foi dada a missão de identificar a real situação das comunidades indígenas em relação a água. A esse grupo foi disponibilizado a quantia de R$ 25 milhões e esse é o nosso questionamento. O que está sendo feito com essa verba?”, ressalta Jerry Skee, presidente da Associação Indígena.


Em setembro de 2023, o vice-governador Barbosinha (PP), que está à frente do projeto que visa levar água às famílias residentes na Reserva Indígena de Dourados, informou ao Dourados News aguardar retorno do Governo Federal sobre o projeto entregue à Sesai (Secretaria de Saúde Indígena).

“As aldeias de Dourados são fruto de puxadinhos [na distribuição de água]. Temos problemas de produção, reserva e distribuição. A alternativa que encontramos é que precisa ser montado um projeto novo, mantendo o antigo funcionando, mas perfurando novos poços, com uma nova reserva e distribuição”, disse, lembrando que o custo dessa obra gira em torno de R$ 35 milhões.

No mês seguinte, o deputado federal Geraldo Resende (PSDB), esteve com o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, que confirmou que os recursos para a construção da estrutura de distribuição de água potável na Reserva Indígena de Dourados estão previstos no Novo PAC (Programa de Aceleração de Crescimento).

Nesta quinta-feira (11/1), o Dourados News entrou em contato com o Governo do Estado para obter um posicionamento em relação às reivindicações, mas até o momento do fechamento desta matéria não houve resposta.

“As escolas estão numa situação precária, não tem água para limpar e as aulas vão começar em breve. O NAM (Núcleo de Atividades Múltiplas) não tem água para dar descarga. Não podemos dar banho nas crianças, não tem água para beber. É desumano! A gente tem direitos iguais, a gente vota como todos, então precisamos de uma solução”, disse Sônia Maria Maciel, moradora da Aldeia Bororó.

Segundo os manifestantes o bloqueio permanece por tempo indeterminado, até que eles obtenham uma posição do governo e que sejam ouvidos pela Ministra da Saúde, Nísia Trindade Lima. 

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