Na tarde da última quarta-feira (dia 21), uma casa de reza localizada em uma área sob estudo para demarcação, no município de Caarapó, foi alvo de um incêndio criminoso. O incidente ocorreu pouco tempo após ter recebido a visita da ministra Sônia Guajajara, responsável pela pasta dos Povos Indígenas, em novembro passado.

O incêndio foi reportado inicialmente pelo perfil Aty Guasu em uma rede social, que expressou preocupação com a segurança dos locais sagrados e denunciou ameaças anteriores. Segundo a publicação, a casa de reza, conhecida como Oga pysy/Ogusu, já havia sido alvo de tentativas de incêndio duas semanas antes do ocorrido.

Nourivaldo Mendes, também conhecido como Simão, relatou que testemunhas viram a movimentação de dois adolescentes nas proximidades do local momentos antes do incêndio. Suspeita-se que um curto-circuito possa ter sido provocado, porém, não houve identificação dos responsáveis. Mendes, que reside em Caarapó, está atualmente em Brasília para compromissos ministeriais.

A liderança indígena lamentou profundamente o incidente, ressaltando a importância cultural e espiritual da casa de reza. Ele mencionou ter recebido ameaças anteriormente, incluindo a mensagem de que não passaria do dia 25 de dezembro vivo. O local, que seria inaugurado em 14 de junho, representa uma significativa perda para a comunidade, especialmente considerando os esforços e recursos investidos em sua construção.

A área em questão, anteriormente conhecida como Yvu e agora denominada tekoha kunumi, está situada dentro da portaria do "TI Dourados Amambai Peguá I", abrangendo os municípios de Caarapó, Laguna Carapã e Amambai. Histórica e culturalmente importante para os guarani kaiowá, a região foi palco de disputas territoriais intensas, resultando na expulsão forçada das comunidades indígenas devido à pressão da produção de erva-mate e à chegada de colonos gaúchos.

Apesar dos desafios enfrentados, os laços históricos entre os guarani kaiowá e suas terras permanecem evidentes, conforme concluíram os antropólogos encarregados do estudo de identificação e delimitação da área. A destruição da casa de reza é um golpe significativo para a comunidade, destacando a urgência de proteger e preservar esses espaços sagrados e as terras indígenas como um todo.