Bombardeios israelenses deixam mais de 50 mortos em Gaza

33 pessoas que estavam em uma escola que era utilizada como abrigo para deslocados morreram | Créditos: AFP


Ao menos 52 pessoas morreram nesta segunda-feira (26) em bombardeios israelenses em Gaza, segundo a Defesa Civil palestina, incluindo 33 que estavam em uma escola que era utilizada como abrigo para deslocados, onde o Exército israelense afirmou que havia “terroristas”. A intensificação das operações militares israelenses coincide com um bloqueio à entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza há quase três meses. A Defesa Civil de Gaza, território governado pelo Hamas, informou que pelo menos 33 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas no bombardeio israelense contra a escola Fami Aljerjawi, na Cidade de Gaza. O Exército israelense afirmou que havia “terroristas de alto perfil” na escola bombardeada e que “tomou várias medidas para mitigar o risco de causar danos à população civil”.

Farah Naser, uma deslocada natural de Beit Hanun, disse que acordou com o bombardeio e descobriu com horror o “cheiro da morte, de queimado, enxofre e sangue”. No hospital de Al Ahli, um grupo de mulheres chorava pelas mortes de parentes. O porta-voz da Defesa Civil de Gaza, Mahmud Bassal, informou que outro bombardeio em Jabaliya, no sul da Faixa, atingiu a casa de uma família e que socorristas recuperaram 19 cadáveres. O Exército israelense informou ainda que detectou três projéteis lançados de Gaza nesta segunda-feira, incluindo um que foi interceptado, em uma jornada em que Israel celebra o Dia de Jerusalém, que celebra a “reunificação” da cidade após a ocupação da parte leste em 1967.

Israel retomou a ofensiva em Gaza em meados de março, após romper uma trégua de quase dois meses. Em 17 de maio, o Exército intensificou suas operações, com o objetivo declarado de aniquilar o movimento islamista palestino Hamas e libertar os reféns que permanecem em cativeiro. A guerra em Gaza começou após o ataque do Hamas no sul de Israel em 7 de outubro de 2023, que provocou as mortes de 1.218 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais. Das 251 pessoas sequestradas naquele dia, 57 permanecem detidas em Gaza. Do grupo, 34 são consideradas mortas, segundo o Exército israelense. Mais de 53.900 palestinos, a maioria civis, morreram na ofensiva militar israelense, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza que a ONU considera confiáveis.

Nova proposta de trégua

Uma fonte palestina declarou nesta segunda-feira à AFP que uma nova proposta de cessar-fogo em Gaza apresentada pelos mediadores inclui a libertação de 10 reféns, uma trégua de 70 dias e a retirada parcial de Israel do território palestino. A ofensiva israelense se soma ao bloqueio que agravou a escassez de alimentos, água, combustíveis e remédios. A situação gera a preocupação de um cenário de fome no território palestino. Organizações humanitárias afirmam que a pouca ajuda que Israel permitiu entrar nos últimos dias está muito abaixo das necessidades da população. A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) afirmou que menos de 5% das terras agrícolas em Gaza são cultiváveis ou acessíveis, o que agrava ainda mais o risco de fome.

A catástrofe humanitária provocou uma crescente onda de indignação internacional e países aliados de Israel expressaram críticas. O chefe do governo da Alemanha, Friedrich Merz, declarou nesta segunda-feira que “não compreende qual é o objetivo do Exército” israelense e ameaçou deixar de apoiar o governo de Benjamin Netanyahu. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, principal aliado de Israel, afirmou no domingo que espera “acabar com toda esta situação o mais rápido possível”. Contudo, Jake Wood, o diretor da Fundação Humanitária de Gaza (GHF), apoiada pelos Estados Unidos e criada para distribuir ajuda na Faixa, anunciou sua demissão no domingo.

Wood afirmou que não pode cumprir sua missão “respeitando estritamente os princípios de humanidade, neutralidade, imparcialidade e independência”. A organização com sede em Genebra, criada há alguns meses, anunciou em 14 de maio que pretendia distribuir quase 300 milhões de refeições nos primeiros 90 dias de operação. O Conselho de Administração lamentou a decisão do diretor da GHF e afirmou que a ajuda começará a ser distribuída. A ONU e várias ONGs se recusaram a participar da distribuição de ajuda desta fundação, acusada de trabalhar com Israel.

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