Com início no dia 23 de junho, o tradicional Banho de São João movimenta Corumbá e Ladário com celebrações religiosas, manifestações culturais e integração entre diferentes crenças. Considerada patrimônio cultural imaterial de Mato Grosso do Sul, a festividade reúne católicos, umbandistas, espíritas e candomblecistas em um evento que une fé e respeito à diversidade religiosa.

A programação inclui procissões com andores em direção ao rio Paraguai, onde ocorre o simbólico banho do santo. O trajeto é embalado por ladainhas e músicas que mesclam ritmos tradicionais e festejos de quadrilha. Além do ritual religioso, comunidades promovem festas com cururu, siriri, bailes, churrascos e outras celebrações populares.

Pedro Paulo Miranda, um dos representantes da tradição, relembra que a festa começou no quintal de um terreiro de umbanda há seis décadas. “Na umbanda ele é Xangô, mas a reza é para São João”, afirma. A celebração cresceu e passou a ocupar as ruas, envolvendo toda a comunidade.

A história de Pedro também se mistura com a do santo. Quando bebê, ele foi dado como morto após uma grave doença. Durante uma procissão, sua mãe se ajoelhou sob o andor de São João e fez uma promessa. Minutos depois, Pedro chorou e voltou à vida, segundo relatos da família. Desde então, ele e os familiares mantêm viva a tradição como forma de agradecimento.

Neste ano, cerca de 100 festeiros estão cadastrados para realizar celebrações nas comunidades. O ponto alto ocorre no Porto Geral de Corumbá, com apoio da prefeitura e atrações culturais abertas ao público.