“A voz da terra e o eco da guerra: O impasse”
- porPor Alcina Reis
- 26 de Setembro / 2024
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| Créditos: Agência Alems
Na poeira das estradas de Mato Grosso do Sul, a paz parece um sonho distante, especialmente quando o deputado José Teixeira, com sua postura inflexível, sugere um caminho sombrio. “A guerra resolveria”, ele diz, como se o único desfecho para o conflito entre indígenas e fazendeiros fosse o confronto. O campo, que deveria ser um espaço de cultivo e progresso, transforma-se em cenário de disputa, onde as vozes se elevam, mas o diálogo não encontra solo fértil.
Enquanto isso, a voz dos povos indígenas ecoa além das fronteiras do Brasil. Em Nova Iorque, onde líderes mundiais se reúnem para a Assembleia Geral da ONU, a luta pela terra ganha projeção internacional. A imagem do ministro Gilmar Mendes, associada à discussão do Marco Temporal no STF, é confrontada com a reivindicação pela suspensão da lei que ameaça o direito ancestral dos indígenas à terra.
A guerra anunciada pelo deputado, felizmente, ainda não se concretizou. Mas o clima de tensão e a violência crescente no campo revelam a urgência de uma solução pacífica e justa para o conflito.
A questão que atravessa fronteiras pede uma solução. A lei aprovada no Congresso que fixa 1988 como marco para a demarcação de terras gera indignação. Os indígenas clamam por justiça, enquanto o campo respira tensão. A guerra, mencionada com tanta facilidade, já é uma realidade silenciosa, travada em corações, mentes e nas fronteiras invisíveis da história. E a pergunta que ecoa, tal como as luzes em Nova York, é: haverá um dia espaço para a paz?
Que a guerra anunciada se transforme em um diálogo construtivo, capaz de garantir a paz e a justiça para todos os envolvidos.
A Guerra que o Deputado Quer
Em meio à poeira vermelha e ao calor escaldante do Mato Grosso do Sul, a guerra que o deputado José Teixeira anseia paira como um fantasma. Não uma guerra de canhões e trincheiras, mas uma guerra de direitos e vontades, onde indígenas e fazendeiros se enfrentam em um cabo de guerra sem fim.
"A melhor coisa que poderíamos ter dentro do campo é a guerra", declara o deputado, com uma convicção que gela a espinha. Suas palavras ecoam pela planície, carregadas de um radicalismo que parece ignorar o peso da história e a complexidade da questão.
Para Teixeira, a solução para o impasse é a força bruta, o confronto final que, em sua visão distorcida, trará a paz. Mas que paz é essa, construída sobre o sangue e a dor?
Teixeira é conhecido por ser um ferrenho opositor das demarcações de terras, não acredita numa saída pacífica. Mas, afinal, é só isso que resta? No embate que coloca de um lado os direitos indígenas e do outro o direito à propriedade, ambos os grupos têm suas razões. Para os fazendeiros, não é justo serem responsabilizados por algo que, em sua visão, também fere seus direitos.
Enquanto isso, os fazendeiros, índios e fazendeiros, aguardam a solução mágica do governo. Uma solução que, não poderá vir com o silenciamento dos tambores indígenas e a extinção de suas reivindicações.
A lei que estabelece a Constituição de 1988 como marco para o registro das terras é o novo alvo daqueles que desejam perpetuar a injustiça. A suspensão dessa lei é o grito de guerra dos que se recusam a reconhecer o direito ancestral dos povos indígenas sobre suas terras.
Em meio a esse cenário de tensão e incerteza, resta a esperança de que a razão prevaleça sobre o radicalismo. Que a guerra desejada pelo deputado nunca se concretize e que a justiça, ainda que tardia, seja feita.
Que a paz, a verdadeira paz, seja construída sobre o diálogo e o respeito, e não sobre o silenciamento e a violência.
Por Alcina Reis
Jornalista Alcina Reis | Créditos: Arquivo pessoal