Santo Antônio: Padroeiro de Campo Grande e sua história de fé e tradição

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Campo Grande se veste de fé e festa nesta sexta-feira, 13 de junho, para celebrar o Dia de Santo Antônio, padroeiro da cidade. A data é um feriado municipal em Campo Grande, conforme estabelecido pela Lei nº 3.901 de 29 de outubro de 2001, reconhecendo a profunda ligação do santo com a história da Capital sul-mato-grossense. Em 2025, a celebração é ainda mais vibrante com a 23ª edição do tradicional Arraial de Santo Antônio, que acontece de 12 a 15 de junho na Praça do Rádio Clube, com uma vasta programação cultural, musical e gastronômica, além das tradicionais procissões e missas.

Durante o feriado, o funcionamento de diversos serviços públicos e privados na Capital é alterado. Repartições públicas, bancos e agências dos Correios permanecem fechados, enquanto o comércio de rua e os supermercados podem operar normalmente, a critério de cada estabelecimento.

A Vida e os Milagres de Santo Antônio

Conhecido mundialmente, Santo Antônio, cujo nome de batismo era Fernando Antônio de Bulhões, nasceu em Lisboa, Portugal, em 1195. Único herdeiro de uma família nobre, ele escolheu seguir a vocação religiosa na adolescência, inicialmente ingressando na Ordem dos Cônegos Regulares de Santo Agostinho, antes de se juntar aos franciscanos. Ordenado sacerdote, Santo Antônio dedicou sua vida à pregação, tornando-se um notável teólogo e orador. Morreu aos 36 anos, em 13 de junho de 1231, em Pádua, na Itália, cidade que emprestou seu nome ao santo após sua canonização, apenas um ano depois de sua morte, em 1232, pelo Papa Gregório IX. Ele também é reconhecido como Doutor da Igreja pelo Papa Pio XII, sendo chamado de "Doutor do Evangelho" pela riqueza de sua pregação.

Sua fama de "santo casamenteiro" surgiu de um episódio em que, por sua intercessão, uma jovem em Nápoles teria conseguido o dote necessário para se casar. No entanto, sua relevância vai muito além, sendo lembrado por sua atuação em defesa dos pobres e oprimidos, o que se reflete na tradição do "Bolo de Santo Antônio", distribuído em sua festa como símbolo de caridade.

A Devoção que Fundou Campo Grande

A profunda devoção a Santo Antônio está na própria essência da fundação de Campo Grande. José Antônio Pereira, o fundador da cidade, era um fervoroso devoto do santo. Em sua jornada rumo ao local que se tornaria Campo Grande, ele e sua comitiva foram acometidos por uma "febre maligna" em Santana de Paranaíba. José Antônio Pereira, que possuía conhecimentos em farmácia e homeopatia, rogou a intercessão de Santo Antônio e fez uma promessa: caso a doença fosse debelada sem a perda de nenhum homem, ele construiria uma igreja em honra ao santo no novo povoado.


 

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A promessa foi cumprida. Com a doença controlada, José Antônio Pereira estabeleceu o povoado, batizando-o de Santo Antônio de Campo Grande. Em março de 1878, foi inaugurada a capela de pau-a-pique, erguida nas imediações do Córrego Prosa, na atual Travessa Lídia Baís, marcando a primeira casa de orações da cidade. Ao longo dos anos, a igreja passou por diversas reconstruções e mudanças de local, culminando em sua constituição como Catedral Metropolitana em 1991, por ocasião da visita do Papa João Paulo II a Campo Grande. Atualmente denominada "Paróquia de Santo Antônio - Catedral Metropolitana Nossa Senhora da Abadia", ela ainda abriga a imagem original do santo, trazida pelo fundador da cidade.

Em dezembro de 2019, a Lei 5.458, sancionada pelo governador Reinaldo Azambuja, incluiu o Dia do Padroeiro do Município de Campo Grande no Calendário Oficial de Eventos de Mato Grosso do Sul, reforçando a importância da data. Anualmente, as celebrações incluem procissões, missas especiais e festividades como quermesses e a venda do tradicional bolo de Santo Antônio, com a superstição de que quem encontra uma aliança escondida terá sorte no amor.

Legado de fé e identidade

A história de Santo Antônio em Campo Grande vai além da religião: é parte da identidade da cidade, unindo passado e presente em uma tradição que resiste ao tempo. Neste dia, mesmo sendo útil em 2025, a devoção ao santo casamenteiro segue viva, lembrando a promessa que ajudou a construir uma capital.

Que Santo Antônio abençoe Campo Grande e seus moradores, hoje e sempre.

Por: Alcina Reis

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