Viagem para Mato Grosso do Sul e influência das redes sociais motivaram jovem a matar a família, aponta polícia
- porRedação
- 28 de Junho / 2025
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Adolescente de 14 anos dopa pai, mãe e irmão e depois mata os três a tiro | Créditos: Reprodução/Internet
A chocante confissão de um adolescente de 14 anos, que tirou a vida dos pais e do irmão de 3 anos em Itaperuna, no Rio de Janeiro, trouxe à tona um debate urgente sobre os riscos inerentes à internet e sua influência no comportamento de jovens. A motivação por trás do crime, que mobilizou o país, parece estar ligada à proibição de uma viagem a Mato Grosso do Sul para encontrar uma namorada virtual.
As investigações apontam que o jovem, que mantinha contato com a garota de 15 anos de Água Boa (MT) desde os oito anos de idade, teria planejado o ato após a negativa dos pais em relação ao encontro. A polícia, que já ouviu a adolescente, busca determinar se ela tinha conhecimento prévio ou qualquer envolvimento no ocorrido. A descoberta de uma bolsa com pertences na residência familiar sugere que o adolescente se preparava para fugir após o crime.
Detalhes apurados pela 143ª DP (Itaperuna) revelam que o garoto utilizou a internet para pesquisas, incluindo como sacar o FGTS de falecidos, após descobrir um saldo de R$ 33 mil no aplicativo do pai. Em depoimento, ele relatou ter consumido energético para se manter acordado, esperando a família dormir antes de usar a arma do pai, um colecionador e atirador desportivo.
Especialistas Alertam para Riscos do Mundo Digital
O caso, ainda sob análise de autoridades e peritos — que investigam possíveis transtornos mentais —, serve como um grave alerta sobre a exposição ao mundo digital e a ausência de supervisão na internet para menores.
A juíza Vanessa Cavaliere, coordenadora do projeto Eu Te Vejo, enfatiza a necessidade de acompanhamento constante. Ela destaca que o ambiente online, incluindo jogos, não é seguro para crianças e adolescentes desacompanhados, e que pais devem monitorar conversas para evitar vínculos emocionais perigosos. "Não são raros os casos de jovens que estabelecem relacionamentos afetivos online e fogem de casa para encontrar essas pessoas", alerta a magistrada. Ela também reforça a importância de respeitar as classificações etárias dos jogos.
O pediatra Daniel Becker, por sua vez, alerta para os impactos do uso excessivo da internet no desenvolvimento emocional e social de crianças e adolescentes. Ele ressalta que o universo online frequentemente expõe os jovens a conteúdos violentos, discursos radicais e estímulos inadequados. Para Becker, essa imersão digital pode "banalizar a violência" e fazer com que um crime como este seja visto como uma possibilidade.
Ambos os especialistas reforçam a importância de reduzir a imersão digital dos filhos, incentivando experiências no mundo real e fortalecendo o convívio familiar. A falta de interação no ambiente físico, segundo Becker, pode agravar os efeitos da vida digital, resultando em uma geração onde a violência é banalizada e a solidão mascarada por conexões superficiais.