“Sogra e cunhado de ‘Frescura’ movimentam R$ 1,1 milhão, revela investigação do MPMS em Sidrolândia”

Ueverton da Silva Macedo, o “Frescura” | Créditos: Alex Machado

Aprofundando a investigação sobre o esquema de corrupção na prefeitura de Sidrolândia, situada a 75 quilômetros de Campo Grande, o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) trouxe à tona revelações surpreendentes: a sogra e o cunhado de Ueverton da Silva Macedo, conhecido como "Frescura" e apontado como líder do esquema que desencadeou a Operação Tromper, movimentaram mais de R$ 1,1 milhão entre os anos de 2017 e 2021, mesmo com ocupações profissionais modestas.

Segundo dados obtidos através da quebra de sigilo bancário, Vera Lúcia de Paula, uma faxineira com rendimento médio mensal de R$ 559, movimentou a quantia expressiva de R$ 539,5 mil, enquanto Rafael de Paula da Silva, ajudante de motorista com salário de R$ 1.055, realizou transações bancárias no valor de R$ 604,5 mil.

As análises detalhadas das movimentações financeiras, apresentadas pelo Ministério Público Estadual (MPE) como parte da ação penal, também expuseram detalhes sobre as empresas ligadas a Frescura. Apesar de sua formação acadêmica limitada e da posição ocupada como encarregado geral de operações de conservação de vias, ele recebeu uma quantia significativa de R$ 10,2 milhões ao longo de três anos, com uma crescente movimentação financeira que iniciou em R$ 335,8 mil em 2017, chegando a R$ 3,385 milhões em 2021, incluindo depósitos de origem desconhecida que somaram R$ 554,9 mil.

O foco principal recaiu sobre as movimentações financeiras da sogra e do cunhado, supostamente identificados como "laranjas" no esquema. A análise do sigilo bancário revelou que, apesar de seus modestos salários, Vera Lúcia e Rafael movimentaram quantias expressivas em dinheiro, levando o Ministério Público a concluir que suas contas bancárias funcionavam como "contas de passagem" para o grupo investigado.

Detalhando ainda mais, foi constatado que Vera Lúcia recebeu R$ 124,6 mil dos membros do grupo, dos quais repassou R$ 414,9 mil. A maior parte dessas transações envolveu Frescura, que recebeu R$ 35,6 mil dela, enquanto repassou R$ 228 mil. Rafael, por sua vez, movimentou R$ 604,5 mil, recebendo R$ 291,6 mil e repassando R$ 312,9 mil aos envolvidos no suposto esquema criminoso.

A investigação apontou que os repasses de Ueverton da Silva Macedo para Rafael sugerem um possível papel deste como intermediário. Analisando o fluxo de entrada e saída de valores, o Ministério Público destacou uma "simetria temporal rigorosa", indicando que os saques ou pagamentos ocorriam imediatamente após a entrada correspondente.

Quanto ao desdobramento judicial, o juiz Fernando Moreira Freitas da Silva, da Vara Criminal de Sidrolândia, retomou as audiências da Operação Tromper na sexta-feira (16). Esta operação, liderada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), visa desmantelar o esquema de corrupção na prefeitura de Sidrolândia, com suspeitas que remontam a 2017.

As fases anteriores da operação, realizadas em maio e julho do ano anterior, concentraram-se em reunir provas relacionadas a diversos crimes, incluindo peculato, falsidade ideológica, fraude em licitações, associação criminosa e sonegação fiscal. Essas investigações resultaram em prisões de servidores e empresários, além da rescisão de contratos da prefeitura com empresas sob investigação. Em agosto, o Ministério Público de Mato Grosso do Sul denunciou 10 pessoas por suspeita de corrupção e fraude em licitações. O juiz convocou 11 testemunhas para a próxima audiência, seguida por mais oito no dia 23.

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