Serpente endêmica do Pantanal ameaçada de extinção por incêndios

| Créditos: Foto: Albedi Andrade Jr

Uma pesquisa recente publicada na revista Biodiversidade Brasileira revelou que a *Helicops boitata*, serpente d'água endêmica do Pantanal, está criticamente ameaçada de extinção devido ao aumento dos incêndios no bioma. O estudo, conduzido por pesquisadores do ICMBio, UFMT, UFG e INPP, monitorou répteis e anfíbios em Barão de Melgaço e Poconé (MT) entre 2020 e 2023.

Os resultados indicam que a espécie, descoberta em 2019,  foi encontrada apenas morta após os incêndios,  desaparecendo completamente depois dos períodos críticos. As serpentes, em especial a *Helicops boitata*, representaram 70% dos registros durante as expedições de emergência pós-incêndio e 77% das mortes.  Queimaduras e ebulição dos corpos d'água foram as principais causas de morte.

A dificuldade de acesso ao habitat da espécie e a intensificação dos incêndios na estação seca aumentam sua vulnerabilidade.  "O ambiente está extremamente vulnerável, o que coloca a espécie em risco iminente", alertou Leonardo Felipe Bairos Moreira, pesquisador do INPP.

A seca e a escassez de recursos após o fogo  criam um "vórtex de extinção", impactando a reprodução e alimentação da *Helicops boitata*.  A espécie já foi classificada como ameaçada pela IUCN e deve entrar na lista brasileira de espécies ameaçadas.

Alejandro Valencia-Zuleta, pós-doutorando da UFG,  ressaltou a necessidade de métodos mais eficazes para monitorar os impactos do fogo e da seca na biodiversidade pantaneira.  Ele alertou para a possibilidade de outras espécies endêmicas, ainda desconhecidas, estarem sob ameaça.

O estudo  clama por medidas urgentes de proteção da fauna pantaneira,  com foco na preservação de espécies únicas como a *Helicops boitata*.  A intensificação dos incêndios,  associada à seca e perda de habitat, exige ações imediatas para evitar a extinção da serpente e  proteger a biodiversidade do Pantanal.
 

Fonte: Campo Grande News

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