Rússia se torna 1º país a reconhecer governo talibã do Afeganistão
- porAgência Brasil
- 04 de Julho / 2025
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A Rússia informou que aceitou as credenciais de um novo embaixador do Afeganistão, tornando-se a primeira nação a reconhecer o governo talibã do país.
Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia disse que Moscou vê boas perspectivas para o desenvolvimento de laços e que continuaria a apoiar Cabul na segurança, no combate ao terrorismo e ao crime das drogas.
A Rússia também vê oportunidades comerciais e econômicas significativas, especialmente em energia, transporte, agricultura e infraestrutura.
"Acreditamos que o ato de reconhecimento oficial do governo do Emirado Islâmico do Afeganistão dará impulso ao desenvolvimento da cooperação bilateral produtiva entre nossos países em vários campos", disse o ministério.
"Valorizamos essa medida corajosa tomada pela Rússia e, se Deus quiser, ela servirá de exemplo para outros países", afirmou, em nota, o ministro das Relações Exteriores do Afeganistão, Amir Khan Muttaqi.
Nenhum outro país reconheceu formalmente o governo talibã que tomou o poder em agosto de 2021, quando as forças lideradas pelos Estados Unidos (EUA) realizaram uma retirada caótica do Afeganistão após 20 anos de guerra. No entanto, China, Emirados Árabes Unidos, Uzbequistão e Paquistão designaram embaixadores em Cabul, um passo em direção ao reconhecimento.
A medida russa representa marco importante para o governo do talibã, que busca aliviar o isolamento internacional.
É provável que seja observada de perto por Washington, que congelou bilhões em ativos do Banco Central do Afeganistão e impôs sanções a alguns líderes seniores do talibã, o que contribuiu para que o setor bancário do país ficasse praticamente isolado do sistema financeiro internacional.
A Rússia vem construindo gradualmente relações com o talibã, que o presidente Vladimir Putin disse no ano passado ser agora um aliado no combate ao terrorismo. Desde 2022, o Afeganistão tem importado gás, petróleo e trigo da Rússia.
O talibã foi proibido pela Rússia como um movimento terrorista em 2003, mas a proibição foi suspensa em abril deste ano. A Rússia vê a necessidade de trabalhar com Cabul, pois enfrenta grande ameaça à segurança de grupos militantes islâmicos baseados em uma série de países, do Afeganistão ao Oriente Médio.