“Robôs de Toga? IA Bate à Porta do Direito”
- porAlcina Reis
- 08 de Abril / 2025
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| Créditos: IA /Conteúdo MS
Abram os olhos, nobres causídicos! O futuro, que outrora parecia distante em seus códigos binários, já estacionou na porta dos tribunais. A inteligência artificial, essa força disruptiva que vem remodelando o mundo ao nosso redor, parece ter o Direito em sua mira. Se a advocacia não se ligar, não se blindar com conhecimento e adaptação, corre um sério risco de engrossar a lista de profissões que viram sua essência se esvair, a exemplo do jornalismo.
Ah, o jornalismo... Que triste paralelo! Outrora baluarte da informação, trincheira da verdade, hoje assiste qualquer um com um mínimo de familiaridade com a internet abrir um site e, voilà, autoproclamar-se jornalista. A credibilidade? A apuração rigorosa? Parece artigo de museu.
E eis que a notícia ecoa, vinda das cortes americanas: um empresário septuagenário, em sua audácia tecnológica, tentou apresentar um avatar de inteligência artificial como seu advogado! A juíza, com a sensatez que se espera da toga, barrou a inusitada representação. Mas o caso serve como um alerta estrondoso: a IA não é mais ficção científica nos corredores da Justiça.
Felizmente, a Ordem dos Advogados do Brasil, sempre vigilante, acende o farol da precaução. O ExpoDireito Brasil 2025, em Fortaleza, surge como um palco crucial para debater os rumos da profissão. Advogados, juristas, acadêmicos reunidos para discutir inovação, garantias fundamentais, o fortalecimento das instituições em face dessa nova onda tecnológica. É o grito de alerta, o chamado à reflexão.
A tecnologia avança feito um tsunami, e muitos ainda contemplam a onda na beira da praia, sem noção da força que ela carrega. As próprias autoridades tateiam na tentativa de regulamentar o inregulamentável, tamanha a vastidão de possibilidades – e perigos – que a IA escancara.
O que se torna cristalino é a urgência de a advocacia colocar as barbas de molho. Não se trata de demonizar a tecnologia, mas de compreendê-la, de se preparar para coexistir e, principalmente, para preservar a essência da profissão. A advocacia não pode seguir o mesmo caminho de desvalorização que assolou o jornalismo. E pasmem, no caso da imprensa, nem a IA era a vilã quando a prostituíram, quando a transformaram em terra de ninguém, onde qualquer um, com ou sem preparo, vomita informações sem o mínimo compromisso com a verdade.
Hoje, a cena se repete, guardadas as devidas proporções. Indivíduos com parco conhecimento abrem blogs e sites, autointitulam-se jornalistas e, ironicamente, surfam na onda dos fakes news, muitas vezes sendo bem remunerados por isso.
Este é o preço do futuro? Uma realidade onde a expertise e a responsabilidade são diluídas em meio a algoritmos e opiniões rasas? Para a advocacia, a lição do jornalismo é clara: a inércia é o caminho mais curto para a irrelevância. Que os debates em Fortaleza sirvam de bússola para um futuro onde a inteligência artificial seja uma ferramenta a serviço da Justiça, e não a sua potencial substituta.
A toga precisa se reinventar, sem perder sua alma.
Por Alcina Reis