“R$ 290 mil é café”: PF investiga suposta compra de sentença no STJ

Andreson de Oliveira Gonçalves | Créditos: Reprodução/STJ

A Polícia Federal (PF) investiga um suposto esquema de compra de sentenças no Superior Tribunal de Justiça (STJ) envolvendo o lobista Andreson de Oliveira Gonçalves e o advogado Felix Jayme Nunes da Cunha. Mensagens interceptadas pela PF revelam uma possível negociação de decisão judicial, na qual Gonçalves ironiza o valor de R$ 290 mil, afirmando ser "café" em relação ao montante necessário para influenciar o resultado do processo.

A investigação aponta que a suposta negociação tinha como objetivo favorecer a mineradora MPP – Mineradora Pirâmide Participações Ltda, de Corumbá (MS), em um processo no STJ.  A PF suspeita que Gonçalves estaria insinuando que R$ 290 mil seria um valor irrisório para o pagamento de propina.

Em conversas interceptadas, Gonçalves pressiona Cunha por uma resposta sobre o interesse da mineradora em obter uma decisão favorável.  Cunha, por sua vez, afirma que consultaria um "correspondente em Brasília" sobre o caso.  A PF também identificou diálogos entre Cunha e Cláudio da Silva Simão, sócio da mineradora, confirmando o interesse na negociação.

prints de conversa que trataria sobre compra de sentença no STJ | Créditos: Reprodução/STJ

Gonçalves é investigado em outro caso de venda de sentenças no STJ.  Seu celular, apreendido durante a Operação Ultima Ratio, é considerado peça-chave nas investigações.  O esquema também envolveria desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS), cinco dos quais foram afastados de seus cargos por ordem do ministro do STJ Francisco Falcão.

A reportagem tentou contato com o advogado Felix Jayme Nunes da Cunha, que demonstrou interesse em se manifestar, mas até o momento não se pronunciou. O espaço segue aberto para seu posicionamento.

Operação Ultima Ratio:

A Operação Ultima Ratio investiga a venda de sentenças no STJ e já levou ao afastamento de cinco desembargadores do TJMS. O lobista Andreson Gonçalves é apontado como figura central no esquema.

Conexão com advogado executado:

Gonçalves também é investigado por sua ligação com o advogado Roberto Zampieri, executado a tiros em 2023.  A PF encontrou áudios de Gonçalves no celular de Zampieri,  sugerindo cobranças de pagamentos em aberto.

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