“R$ 290 mil é café”: PF investiga suposta compra de sentença no STJ
- porRedação
- 05 de Novembro / 2024
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Andreson de Oliveira Gonçalves | Créditos: Reprodução/STJ
A Polícia Federal (PF) investiga um suposto esquema de compra de sentenças no Superior Tribunal de Justiça (STJ) envolvendo o lobista Andreson de Oliveira Gonçalves e o advogado Felix Jayme Nunes da Cunha. Mensagens interceptadas pela PF revelam uma possível negociação de decisão judicial, na qual Gonçalves ironiza o valor de R$ 290 mil, afirmando ser "café" em relação ao montante necessário para influenciar o resultado do processo.
A investigação aponta que a suposta negociação tinha como objetivo favorecer a mineradora MPP – Mineradora Pirâmide Participações Ltda, de Corumbá (MS), em um processo no STJ. A PF suspeita que Gonçalves estaria insinuando que R$ 290 mil seria um valor irrisório para o pagamento de propina.
Em conversas interceptadas, Gonçalves pressiona Cunha por uma resposta sobre o interesse da mineradora em obter uma decisão favorável. Cunha, por sua vez, afirma que consultaria um "correspondente em Brasília" sobre o caso. A PF também identificou diálogos entre Cunha e Cláudio da Silva Simão, sócio da mineradora, confirmando o interesse na negociação.
prints de conversa que trataria sobre compra de sentença no STJ | Créditos: Reprodução/STJ
Gonçalves é investigado em outro caso de venda de sentenças no STJ. Seu celular, apreendido durante a Operação Ultima Ratio, é considerado peça-chave nas investigações. O esquema também envolveria desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS), cinco dos quais foram afastados de seus cargos por ordem do ministro do STJ Francisco Falcão.
A reportagem tentou contato com o advogado Felix Jayme Nunes da Cunha, que demonstrou interesse em se manifestar, mas até o momento não se pronunciou. O espaço segue aberto para seu posicionamento.
Operação Ultima Ratio:
A Operação Ultima Ratio investiga a venda de sentenças no STJ e já levou ao afastamento de cinco desembargadores do TJMS. O lobista Andreson Gonçalves é apontado como figura central no esquema.
Conexão com advogado executado:
Gonçalves também é investigado por sua ligação com o advogado Roberto Zampieri, executado a tiros em 2023. A PF encontrou áudios de Gonçalves no celular de Zampieri, sugerindo cobranças de pagamentos em aberto.