A Polícia Federal (PF) realizou nesta quarta-feira (28) uma operação que resultou na prisão de cinco pessoas ligadas ao assassinato do advogado Roberto Zampieri, ocorrido em Mato Grosso. A investigação revelou que o grupo, autodenominado "Comando C4" ou "Comando de Caça Comunistas, Corruptos e Criminosos", possuía uma lista de alvos para execução e uma tabela de preços para assassinatos, que variavam de R$ 50 mil para "figuras normais" a R$ 250 mil para ministros ou membros do Judiciário.

Essa operação é um desdobramento da Operação Sisamnes, que investiga um esquema de venda de sentenças em diversos tribunais do país, incluindo o TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) e o STJ (Superior Tribunal de Justiça). O inquérito é conduzido pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Cristiano Zanin.

Entre os presos nesta quarta-feira estão:

• Aníbal Manoel Laurindo: empresário e produtor rural, apontado como mandante do assassinato de Zampieri por uma disputa de terras avaliada em R$ 100 milhões.
• Etevaldo Luiz Caçadini de Vargas: coronel do Exército, suposto financiador.
• Antônio Gomes da Silva: suposto atirador.
• Hedilerson Fialho Barbosa: suposto intermediador, auxiliar do atirador e dono da pistola usada no crime.
• Gilberto Louzada da Silva: integrante.

Outras quatro pessoas serão monitoradas por tornozeleira eletrônica. Durante a operação, diversas armas, incluindo fuzis e pistolas com silenciador, foram apreendidas.

As investigações apontam para a figura do lobista Andreson de Oliveira Gonçalves, preso desde novembro do ano passado. Ele é considerado peça-chave no esquema de venda de sentenças e é investigado por ter acesso privilegiado a decisões antecipadas de ministros do STJ, supostamente utilizando essa influência para garantir decisões favoráveis a advogados. Relatórios da PF indicam laços de Andreson com o advogado Felix Jayme Nunes da Cunha, também investigado no esquema.

A Operação Sisamnes é um desdobramento da Operação Ultima Ratio, que afastou desembargadores do TJMS por suspeita de venda de sentenças. As investigações da PF também apuram negociações relacionadas ao vazamento de informações sigilosas e atuação de servidores em gabinetes do STJ.