A Polícia Federal deflagrou hoje (26) a Operação Sisamnes, cumprindo mandados de prisão preventiva e busca e apreensão em Mato Grosso, Pernambuco e no Distrito Federal. A ação visa aprofundar as investigações sobre um esquema de venda de sentenças envolvendo desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT).

A operação é um desdobramento da Operação Ultima Ratio, que em outubro afastou cinco desembargadores, um juiz e um conselheiro do Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul (TJMS) por suspeitas semelhantes. As investigações, centralizadas no Supremo Tribunal Federal (STF), apontam para crimes de organização criminosa, corrupção, exploração de prestígio e violação de sigilo funcional.

Em Mato Grosso, dois desembargadores já estavam afastados de suas funções por ordem do STF. A PF confirmou a expedição de mandados de prisão, mas não revelou a identidade dos alvos. Além das prisões, foram determinadas medidas cautelares como o uso de tornozeleiras eletrônicas, afastamento de servidores e membros do TJMT, e bloqueio de bens dos investigados.

O caso veio à tona após o assassinato do advogado Roberto Zampieri em Cuiabá, no ano passado. Mensagens encontradas em seu celular indicavam a existência de um esquema de venda de sentenças, com a participação de desembargadores e do empresário Andreson de Oliveira Gonçalves, também investigado na Operação Ultima Ratio.

As investigações tiveram início no Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas foram remetidas ao STF devido à suspeita de envolvimento de um ministro daquela corte. Em Mato Grosso do Sul, a PF apura o envolvimento de advogados, filhos de desembargadores, na intermediação de julgamentos favoráveis. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) abriu procedimento disciplinar e deve realizar uma correição extraordinária nas decisões proferidas pelos magistrados investigados.