“Peixe morre pela boca”

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Ah, os caprichos da política, onde a verdade de hoje se torna a piada de amanhã. Quem diria que a outra implacável crítica dos tucanos, Jair Bolsonaro, agora entregaria de bandeja o comando do seu partido em Mato Grosso do Sul a um dos líderes mais icônicos dessa ave de penas azuis? Pois é, o destino, assim como o peixe, parece também morrer pela boca.

Reinaldo Azambuja, ex-governador do estado e tucano de longa data, prepara-se para assumir oficialmente o Partido Liberal (PL) em 2025. Uma jogada que talvez surpreendesse o Bolsonaro de alguns anos atrás, aquele que costumava se referir aos tucanos como " melancias", verdes por fora e vermelhos por dentro, insinuando uma certa vida esquerdista. Mas a fruta, ao que parece, amadureceu aos olhos do ex-presidente, a ponto de ele entregar o partido ao antigo rival.

O anúncio não veio com pompas ou grandes cerimônias, mas sim pelo discreto Tenente Portela, presidente estadual do PL. Em um grupo de líderes do partido, Portela foi direto: 

"A partir de 1º de janeiro de 2025, o PL em Mato Grosso do Sul será dirigido por Reinaldo Azambuja. Quem não gostou, que questione o próprio Bolsonaro." 

Um tapa sem luva de pelica.

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Portela, por sua vez, fiel a Bolsonaro há mais de 45 anos, reafirma que a decisão foi uma articulação conjunta entre Valdemar Costa Neto, Rogério Marinho e, claro, o ex-presidente. A frase é como quem avisa que a decisão já está tomada e o caminho está traçado. Com isso, o número de candidatos do partido foi reduzido significativamente, tirando a disputa de várias cidades importantes como Campo Grande e Dourados. 

O que parecia impensável há algum tempo, agora se materializa em uma aliança pragmática, mostrando que na política, assim como no mar, é sempre melhor saber nadar em qualquer correnteza. 

Azambuja agora dita as regras para a Direita de MS, por essa nem Portela esperava!

E assim, o ex-presidente, que tanto criticou as “melancias” da política, se vê abraçando o fruto. Parece que na política, assim como na vida, os gostos mudam e as alianças se reinventam. Resta saber se a melancia vai continuar doce ou se vai acabar azedando pelo caminho.

Por Alcina Reis

Jornalista Alcina Reis | Créditos: Conteúdo MS

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