Papa Francisco: da juventude argentina ao pontificado com marca pela simplicidade e defesa dos pobres

O Papa Francisco é saudado por fiéis ao chegar ao Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, na cidade de Aparecida (SP). O pontífice celebrará uma missa na basílica para cerca de 15 mil pessoas. Do lado fora, telões foram instalados para acompanhar a celebração. | Créditos: MIGUEL SCHINCARIOL/AE/AE/Código imagem:139809


Jorge Mario Bergoglio, nascido em Buenos Aires em 1936, trilhou um longo caminho desde a infância no bairro portenho de Flores até se tornar o Papa Francisco. De origem italiana, sua infância foi marcada pela influência da família e pela paixão pelo clube de futebol San Lorenzo de Almagro.

Sua vocação sacerdotal surgiu na adolescência, após um período em um internato salesiano. Antes de ingressar no seminário, formou-se técnico em química e teve uma namorada, experiências que ele descreve em sua autobiografia "Vida – Minha História Através da História". Aos 19 anos, ingressou no seminário, superando a resistência inicial de sua mãe.

Durante o seminário, enfrentou uma grave infecção pulmonar que o levou à beira da morte, resultando na remoção de parte de um pulmão. Em 1958, entrou para a Companhia de Jesus, graduando-se em Filosofia e Teologia, sendo ordenado padre em 1969. Na década de 1970, liderou a comunidade jesuíta durante a ditadura militar argentina, período marcado por controvérsias sobre seu papel na proteção de perseguidos políticos. Em sua autobiografia, Francisco nega as acusações de omissão, relatando intervenções a favor de padres e outros perseguidos.

Sua ascensão na Igreja Católica culminou com a nomeação como bispo auxiliar de Buenos Aires em 1992 e cardeal em 2001. Conhecido por sua dedicação aos pobres, incentivou fiéis a destinarem recursos de sua nomeação cardinalícia a necessitados. Liderou a Igreja na Argentina como presidente da Conferência Episcopal, posicionando-se contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Em 2013, após a renúncia de Bento XVI, Bergoglio foi eleito Papa, adotando o nome de Francisco em homenagem a São Francisco de Assis. Primeiro papa sul-americano e não europeu em mais de um milênio, Francisco marcou seu pontificado por um estilo simples, hábitos discretos e posicionamentos firmes em questões sociais e eclesiais.

Apesar de evitar a mídia, envolveu-se em iniciativas como o lançamento de um disco com uma banda de rock e a assinatura do Documento sobre a Fraternidade Humana com o Grande Imã de Al-Azhar. Defendeu posições contra o aborto e a eutanásia, buscou restaurar a credibilidade do Vaticano abalada por escândalos e pediu perdão por casos de pedofilia.

Demonstrando também um lado diplomata, mediou a reaproximação entre Estados Unidos e Cuba, defendeu os direitos dos refugiados e criticou a guerra na Ucrânia, mantendo a preocupação com conflitos internacionais mesmo enfrentando problemas de saúde. Seu jeito informal e sua proximidade com os fiéis o consagraram como uma figura marcante na história da Igreja Católica.

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