O Brasil tem dessas cenas pitorescas que parecem saídas de uma trama surreal. Enquanto vinte e um parlamentares do país cruzavam o oceano rumo à posse de Donald Trump – um evento que, cá entre nós, parecia mais uma convenção de fã-clube político do que um compromisso institucional – nosso ex-presidente Jair Bolsonaro, figura frequente em viagens desse tipo, ficou ancorado em terras tupiniquins. Motivo? O passaporte retido pelo Supremo Tribunal Federal, por decisão de Alexandre de Moraes.

Até aí, tudo bem. Mais uma página no livro de capítulos inesperados da nossa política. Mas eis que surge na narrativa a fiel escudeira da direita conservadora, a senadora Tereza Cristina, representando Mato Grosso do Sul e, segundo muitos, o Brasil. Após um fim de semana mergulhado em articulações políticas no estado, sua semana prometia continuar ali mesmo. Isso, claro, até surgir a agenda internacional – um encontro repentino com o consulado chinês em Brasília e outro compromisso, pasmem, 😮com o Parlamento Europeu. Este último, naturalmente, nos faz pensar que a senadora deveria estar arrumando as malas para atravessar o Atlântico.

Aqui entra a pergunta que não quer calar: não bastaria uma única figura brasileira para prestigiar a posse de Trump? Talvez Tereza fosse a escolhida, caso os ventos políticos tivessem soprado de outra maneira. Afinal, como dizem por aí, ela não deixa o "cavalo passar arriado".

No entanto, a prudência parece ser sua marca registrada. Enquanto outros trotam para um lado e outro, Tereza segue decidida, quase sempre em direção a algo maior, seja no campo político ou nas representações de nossa complicada diplomacia. Será que essa cavalgada resultará em algo grandioso? Como bons brasileiros, aguardamos para ver o desenrolar dessa trama. Entre trotes e decisões de última hora, quem sabe o que o futuro nos reserva?

Por Alcina Reis