Nova fase da Operação Ultima Ratio PF tem acesso a dados financeiros de desembargadores e outras autoridades; veja lista completa

PF vistoria endereços ligados a desembargador | Créditos: Reprodução/Topmidia

O ministro Francisco Falcão, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), determinou uma profunda investigação financeira dos desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS) suspeitos de envolvimento em um esquema de venda de sentenças. A operação "Ultima Ratio", deflagrada na quinta-feira (24), visa desvendar um complexo esquema de corrupção e lavagem de dinheiro que teria se instalado na cúpula do Judiciário sul-mato-grossense.

Cinco desembargadores foram afastados de suas funções por 180 dias e estão proibidos de acessar as dependências do TJMS e de se comunicar entre si. São eles: o presidente da Corte, Sérgio Fernandes Martins; o presidente eleito, Sideni Soncini Pimentel; o vice-presidente eleito, Vladimir Abreu da Silva; além de Marcos José de Brito Rodrigues e Alexandre Bastos. Todos deverão utilizar tornozeleira eletrônica.

A investigação não se limita aos magistrados. Advogados, familiares de desembargadores, ex-desembargadores, lobistas e empresários também estão na mira da Polícia Federal. Ao todo, 38 pessoas físicas e jurídicas tiveram seus sigilos bancário e fiscal quebrados pelo STJ. A PF irá vasculhar contas bancárias, transações financeiras e movimentações internacionais em busca de provas que comprovem o envolvimento dos investigados no esquema criminoso.

Um dos casos sob investigação envolve a suspeita de que desembargadores tenham utilizado uma escritura falsa, lavrada no Paraná, para transferir a propriedade de uma fazenda em Maracaju (MS), configurando um possível esquema de lavagem de dinheiro. Outro caso que chama atenção é a denúncia de que o desembargador Marcos José de Brito Rodrigues teria favorecido um procurador de Justiça do MPMS, Marco Antônio Sottoriva, em um processo judicial milionário. Sottoriva buscava desfazer um negócio imobiliário que lhe causava prejuízo e, segundo a investigação, teria contado com a ajuda do desembargador para obter uma decisão favorável.

O ministro Falcão autorizou a Polícia Federal a requisitar diretamente às instituições financeiras e ao Banco Central do Brasil quaisquer dados e documentos relacionados às operações financeiras dos investigados. Essa medida visa rastrear o fluxo de dinheiro e identificar possíveis pagamentos ilícitos recebidos pelos desembargadores em troca de decisões judiciais favoráveis.

A lista inclui advogados, filhos de desembargadores, ex-desembargadores, advogados lobistas, empresários e empresas, tais como: Marcus Vinicius Machado Abreu da Silva; Ana Carolina Machado Abreu da Silva; Julio Roberto Siqueira Cardos; Natacha Neves de Jonas Bastos; Paulo Fernando Garcia Cardoso; Gustavo Soares Abrego Gomes; Camila Cavalcante Bastos Baton; Pedro Henrique Cavalcante Bastos; Rodrigo Gonçalves Pimentel; Renata Gonçalves Pimentel; Divoncir Schreiner Mara; Vanio Cesar Bonadiman Maran; Divoncir Schreiner Maran Junior; Maria Fernanda Gehlen Maran; Rafael Fernando Gehlen Maran; Diogo Ferreira Rodrigues; Osmar Domingues Jeronymo; Felix Jayme Nunes da Cunha; Everton Barcellos de Souza; Diego Moya Jeronymo; Danillo Moya Jeronymo; DMJ Logística e Transportes Ltda; Percival Henrique de Sousa Fernandes; PH Agropastoril Ltda; Paulo Afonso de Oliveira; Fabio Castro Leandro; Andreson de Oliveira Gonçalves; Florais Transportes Eireli; Flavio Alves de Morais; Mauro Boer.

A operação "Ultima Ratio" representa um marco no combate à corrupção no Judiciário e reforça o compromisso do STJ em garantir a lisura e a imparcialidade do sistema judicial. A sociedade brasileira acompanha com atenção os desdobramentos da investigação e espera que os responsáveis pelos crimes sejam punidos com o rigor da lei.

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