O traficante Philip Gregório da Silva, conhecido como Professor, apontado como operador financeiro do Comando Vermelho (CV) e controlador do jogo do bicho em Pedro Juan Caballero, no Paraguai, foi encontrado morto no domingo (29) no Rio de Janeiro. A Polícia Civil do RJ estima que o esquema de lavagem de dinheiro, que incluía empresas de fachada, bailes funk e restaurantes, tenha movimentado mais de R$ 250 milhões.

Mesmo foragido e residindo no Complexo do Alemão, o Professor mantinha influência na fronteira. A polícia cumpriu mandados no Rio de Janeiro e em São Paulo, apreendendo veículos de luxo, eletrônicos e documentos. A influenciadora Viviane Noronha, esposa de MC Poze do Rodo, foi citada como beneficiária de recursos ilícitos. A investigação também aponta para o envolvimento de Mohamed Ibrahim, ex-procurado pelo FBI, como operador de valores para o CV.

A apuração indica que o jogo do bicho, uma atividade ilegal que movimenta grandes quantias em dinheiro vivo sem controle fiscal, é usado para injetar recursos no tráfico de drogas e armas, pagar logística e subornos, e sustentar estruturas criminosas em áreas de fronteira. Empresas ligadas ao jogo do bicho, como bancas e casas lotéricas ilegais, disfarçam dinheiro do tráfico como premiações, "esquentando" os recursos para que reapareçam em contas bancárias ou negócios legalizados.

Com o dinheiro "limpo", facções criminosas financiam a compra de armas de uso restrito no Paraguai, drogas que entram no Brasil por cidades como Pedro Juan Caballero, e veículos e imóveis para apoio logístico. O lucro do jogo do bicho também é empregado para manter o domínio territorial, comprando proteção, pagando informantes e até mesmo promovendo ações sociais para obter apoio da população em áreas dominadas, inclusive na fronteira. Em regiões como Ponta Porã (MS) e Pedro Juan Caballero, há uma relação direta entre os chefes do jogo do bicho e traficantes, facilitando a troca de favores, financiamento cruzado e o uso de estruturas comuns para o contrabando.