Ministério Público rebate argumentos da defesa em caso da mote de Sophia

Caso Sophia | Créditos: Brenda Leitte

Em um embate legal sobre o trágico falecimento de Sophia, de apenas 2 anos e 7 meses, o Ministério Público Estadual contesta veementemente os esforços da defesa de Christian Campoçano Leitheim, 26 anos, para eximi-lo do julgamento pelo suposto homicídio da enteada. A defesa, alegando escassez de evidências, busca absolver o acusado, mas o MP rebela-se, reforçando a relevância das testemunhas e das provas que, segundo eles, estabelecem "indícios substanciais de autoria e materialidade".

Christian e Stephanie de Jesus da Silva, 25 anos, a mãe de Sophia, foram acusados e estão sendo julgados pelo crime de homicídio qualificado por motivo fútil, meio cruel e cometido contra menor de 14 anos, enquanto Campoçano também enfrenta acusações de estupro de vulnerável.

A estratégia da defesa incluiu um pedido de impronúncia para Christian e, na falta de aceitação, a exclusão das qualificadoras mencionadas (motivo fútil e meio cruel).

Em resposta, o MP apresentou ao tribunal todas as evidências reunidas durante a investigação policial, que incluíram perícia na residência da família, exame necroscópico, registros de interceptações telefônicas, e outras diligências realizadas desde a prisão de Christian e Stephanie no dia do falecimento de Sophia, em 26 de janeiro de 2023.

O relatório elaborado pelo MP também cita passagens de depoimentos de testemunhas-chave, incluindo o pai biológico e o avô da criança, além da ex-esposa do réu, que relatou o comportamento agressivo de Christian.

Além disso, conversas entre o casal no dia do ocorrido também foram trazidas à tona, revelando uma preocupação da mãe sobre os hematomas visíveis na criança e a sugestão de Christian para inventar uma história sobre sua origem.

Um novo relatório, anexado ao processo, detalha os métodos violentos utilizados pelo padrasto contra a enteada e reconstitui as últimas horas de vida da menina, com base em diálogos registrados no WhatsApp. De acordo com a análise do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado), que prestou apoio à acusação, a criança teria sido agredida pelo padrasto aproximadamente 24 horas antes de sua morte.

Ana Lara Camargo, procuradora responsável pelo caso, destaca que a agressão fatal parece ter sido desencadeada pelo padrasto considerar a vítima como "endemoniada" devido à sua recusa em obedecê-lo, resultando na violência que levou ao óbito da criança.

O relatório menciona também um diálogo entre o casal ocorrido exatamente um ano antes da morte de Sophia, no qual Christian instrui Stephanie sobre como silenciar a criança através da asfixia.

O documento enfatiza a resistência de Christian em permitir que Stephanie levasse a filha ao posto de saúde, sugerindo que suas preocupações estavam relacionadas mais a questões de trabalho do que à saúde da criança.

No desfecho, no final da tarde de 26 de janeiro de 2023, a menina deu entrada na UPA do Bairro Coronel Antonino já sem vida. Embora a mãe tenha inicialmente alegado mal-estar da criança, exames médicos revelaram lesões corporais e determinaram que a morte ocorreu horas antes da chegada ao local.

O laudo de óbito apontou para traumatismo raquimedular na coluna cervical e hemotórax bilateral, enquanto o exame necroscópico indicou evidências de agressões anteriores e violência sexual.

Para as autoridades policiais e o Ministério Público, os fatos sugerem que a criança foi vítima de espancamento por parte do padrasto, após uma vida marcada por castigos físicos.

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