Em sessão realizada na quinta-feira (27), o Senado Federal homenageou 19 mulheres com o prestigioso Prêmio Bertha Lutz, em reconhecimento às suas significativas contribuições na defesa dos direitos femininos e em prol da igualdade de gênero no Brasil.

A honraria, instituída em 2001, leva o nome da pioneira feminista Bertha Lutz, bióloga, advogada e diplomata que se destacou no século XX pela luta pela educação e pelos direitos políticos das mulheres, incluindo a conquista do voto feminino. Lutz também exerceu o cargo de deputada federal entre 1935 e 1937.

A cerimônia de entrega do diploma Mulher-Cidadã Bertha Lutz, tradicionalmente realizada em março, mês dedicado à celebração do Dia Internacional da Mulher, foi presidida pela senadora Leila Barros (PDT-DF). Em seu discurso, a senadora ressaltou a importância do prêmio como um "ato de resistência" contra todas as formas de discriminação de gênero, incluindo o machismo estrutural e a desigualdade salarial. Barros também enfatizou a necessidade de maior representatividade feminina nos espaços de poder e decisão, defendendo políticas como cotas e financiamento adequado para candidaturas femininas.

O senador Eduardo Gomes (PL-GO), na abertura da sessão, reconheceu a persistência das desigualdades de gênero ao longo das gerações e expressou o desejo de que essa realidade seja superada. A senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) complementou, salientando que a proteção dos direitos das mulheres é uma responsabilidade de toda a sociedade, incluindo os homens.

Entre as 19 homenageadas na edição de 2025, destacam-se personalidades de diversas áreas, como a produtora rural Ani Heinrich Sanders, a juíza Bruna dos Santos Costa Rodrigues, a escritora Conceição Evaristo, a reitora Elaine Borges Monteiro Cassiano, a médica mastologista Joana Marisa de Barros, a ex-senadora Marisa Serrano, e as renomadas atrizes Fernanda Montenegro e Fernanda Torres. Antonieta de Barros (in memoriam), a primeira mulher negra eleita deputada estadual no Brasil, também foi agraciada.

Em nome das premiadas, a juíza Bruna dos Santos Costa Rodrigues enfatizou que, apesar dos avanços, os desafios para as mulheres persistem. Citando a homenageada Fernanda Torres, a juíza afirmou que as mulheres saem da cerimônia "mais decididas, mais empoderadas e com muito mais convicção de que vale a pena". Rodrigues também ressaltou a transversalidade da pauta de gênero, afirmando que se trata de um direito humano que transcende ideologias políticas, buscando um Brasil reconhecido pelo respeito aos direitos e pela igualdade. A escritora Conceição Evaristo foi mencionada pela juíza com a frase: "o importante não é ser o primeiro. O importante é abrir caminhos".