Major da PM investigado como gerente de jogo do bicho em MS foi preso com anotações sobre grupo de SP
- porMídiamax
- 27 de Dezembro / 2023
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Investigação Jogo do Bicho | Créditos: Reprodução
O Major aposentado da Polícia Militar, Gilberto Luiz do Santos, conhecido como ‘Barba’, está sob investigação por seu suposto papel de gerente no jogo do bicho, atuando no epicentro de uma organização criminosa, conforme denunciado pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), cuja exclusiva documentação foi acessada pelo Jornal Midiamax.
De acordo com os detalhes apurados na operação chamada Sucessisone, o apelido ‘Barba’ exercia controle sobre os membros desse grupo, coordenando as atividades relacionadas à expansão do jogo do bicho em Campo Grande. Este papel era executado sob as ordens de seu líder, o deputado estadual Roberto Razuk Filho, também conhecido como Neno, filiado ao PL.
O Major Gilberto atuava abertamente, supervisionando intermediários, oferecendo orientações e controlando as ações dos envolvidos no jogo do bicho, sem comprometer a imagem do suposto chefe da organização, identificado pelo MPMS como Neno Razuk.
Durante uma incursão policial na residência do Monte Castelo, em outubro passado, onde foram apreendidas 700 máquinas do jogo do bicho, o Major havia afirmado estar presente no local para participar de uma partida com outras pessoas. Contudo, uma agenda apreendida na residência continha nomes e o atual esquema operacional do grupo de São Paulo, responsável pelo controle do jogo do bicho em Campo Grande.
Nesta agenda estavam relacionados os nomes de ‘recolhes’ vinculados ao grupo de São Paulo, que eram alvo da atenção do grupo liderado por Neno Razuk, seja para deixar suas afiliações atuais ou para serem alvos de ações posteriores. A residência onde o grupo foi encontrado em outubro foi alugada por um casal e servia como base logística para a organização criminosa, com um acordo de aluguel estipulado em R$ 2.500.
Informações obtidas indicam que, um dia antes da ação policial, o grupo se reuniu na casa do Monte Líbano para planejar ataques aos concorrentes. O Major supostamente teria participado de um desses assaltos visando os fundos do grupo rival.
Gilberto Luiz foi detido na fase inicial da Operação Sucessione, realizada em 5 de dezembro, quando 10 mandados de prisão e 13 de busca e apreensão foram emitidos, abrangendo áreas em Campo Grande e Ponta Porã.
O deputado Neno Razuk (PL) foi alvo da operação, sendo realizada uma busca em sua residência onde foram apreendidos celulares, uma pistola e um tablet pertencente ao filho de Neno Razuk.
Segunda fase da Operação Sucessione
Na segunda fase da Operação Sucessione, realizada em 20 de dezembro, Jonathan Gimenez Grance, conhecido como ‘Cabeça’ (sobrinho de Jarvis Pavão), Gerson da Bateria (ex-fornecedor da Sejusp-MS - Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul) e o militar aposentado Carlito Gonçalves Miranda, conhecido como ‘Gambá’, foram alvos de buscas e apreensões, segundo informações obtidas pelo Jornal Midiamax.
Os alvos em Campo Grande não foram encontrados, pois pelo menos dois estavam viajando. Mensagens recuperadas dos celulares apreendidos na primeira fase indicaram os alvos da segunda fase da operação.
O ex-fornecedor da Sejusp realizava serviços de manutenção nos veículos da secretaria junto com outras empresas credenciadas, embora não esteja mais prestando serviços atualmente. Nesta segunda fase, um mandado de prisão foi emitido para o militar aposentado, além do mandado de busca. Doze prisões foram convertidas para prisões preventivas.
Organização composta por PMs e ex-PMs
De acordo com as investigações, a organização conta com policiais militares aposentados e um ex-policial militar. Estes indivíduos teriam utilizado sua condição, especialmente o porte de arma de fogo, para dominar a exploração do jogo ilegal, submetendo-a às ordens da organização criminosa e almejando fazer de Campo Grande seu novo território de comando.
Quinze pessoas foram indiciadas em 19 de dezembro por fazerem parte de uma organização criminosa armada, com estrutura hierárquica definida e divisão de tarefas, visando a exploração ilegal do jogo do bicho, além de roubos agravados, corrupção e outros crimes graves.
As investigações confirmaram denúncias de funcionários que associaram a 'guerra do jogo do bicho' a atividades ilegais na Sejusp, conforme reportagem anterior do Midiamax em outubro.
O deputado Neno Razuk (PL) foi alvo da operação, com um mandado de busca e apreensão realizado em sua residência. Quatro assessores do deputado foram presos.
O empresário José Eduardo Abdulahad teve um mandado de prisão emitido em 5 de dezembro. Segundo as investigações, a organização criminosa era responsável por diversos roubos realizados em plena luz do dia e na presença de outras pessoas em Campo Grande, como parte da disputa pelo monopólio do jogo do bicho local.
Além disso, as investigações revelaram que a organização criminosa tinha uma "grave penetração" nos órgãos de segurança pública e contava com policiais para suas atividades, mostrando-se extremamente perigosa.
Pedidos de prisão temporária na 1ª fase da Operação Sucessione
Diego de Souza Nunes,
José Eduardo Abdulahad, conhecido como ‘Zeizo’
Júlio César Ferreira dos Santos,
Luiz Paulo Bernardes Braga,
Major Gilberto Luiz dos Santos, conhecido como ‘Barba’;
Mateus Aquino Júnior;
Roberto Razuk Filho, Neno Razuk, cujo pedido foi indeferido;
Sargento Manoel Luiz Ribeiro, conhecido como ‘Manelão’;
Taygor Ivan Moretto Pellissari;
Tiano Valdenor de Moraes;
Valmir Queiroz Martinelli.