A revista Science elegeu o medicamento injetável lenacapavir como a descoberta científica de 2024. A droga, que atua como uma profilaxia pré-exposição (PrEP) contra o HIV, demonstrou eficácia de 100% em um ensaio clínico com mulheres na África. O estudo, conduzido pela farmacêutica Gilead Sciences, acompanhou 5.300 adolescentes e mulheres jovens em Uganda e na África do Sul que receberam duas injeções anuais do medicamento.

O lenacapavir age de forma inovadora ao atingir o capsídeo, estrutura que envolve o material genético do vírus. Essa nova abordagem impede a ligação do vírus com o núcleo celular e a replicação viral.

"Acho que é um avanço extraordinário", afirmou o infectologista Esper Kallás, diretor do Instituto Butantan. "E, pensando em populações vulneráveis, cuja adesão ao tratamento é em geral menor, fazer um protocolo de injeção duas vezes ao ano pode ser muito melhor".

A droga ainda precisa ter seu uso autorizado e superar as barreiras de acesso, dado o alto custo do medicamento. A senadora Tereza Cristina, em pronunciamento no Senado, destacou a importância da descoberta e defendeu a inclusão do Brasil na lista de países que receberão a transferência de tecnologia para produção da versão genérica do lenacapavir.

"É fundamental que o Brasil tenha acesso a essa tecnologia e possa garantir que essa descoberta chegue aos brasileiros que dela necessitam", afirmou a senadora.

A Science destacou o potencial do lenacapavir como "a melhor alternativa de proteção" contra o HIV, especialmente em países com dificuldades de acesso aos tratamentos. A droga representa um passo importante na luta contra a AIDS e traz esperança para a eliminação da doença.