Justiça Federal marca julgamento de ex-vereador e grupo acusado de lavagem de R$ 80 milhões do tráfico

| Créditos: Foto: Ascom/ Câmara Municipal de Corumbá


A 5ª Vara Federal de Campo Grande definiu as datas para o julgamento de um grupo acusado de lavar dinheiro do tráfico internacional de drogas por meio de pequenos comércios. As audiências ocorrerão em fevereiro e março de 2026.

Entre os réus está o ex-vereador de Corumbá Allex Dellas (PDT), que foi líder do ex-prefeito Marcelo Iunes (PSDB). O esquema foi descoberto pela Polícia Federal na Operação Mamon, em 2021, e investigações apontaram participação de duas famílias.

As sessões começam em 24 e 25 de fevereiro, com depoimentos de agentes da PF e testemunhas de acusação. Em março, serão ouvidas as testemunhas de defesa, incluindo as indicadas por Dellas (dia 11). Os interrogatórios finais estão marcados para 18 e 19 de março. As audiências serão presenciais, mas com possibilidade de participação por videoconferência.

Famílias movimentaram R$ 80 milhões em negócios fictícios

Segundo o Ministério Público Federal (MPF), o grupo movimentou R$ 80 milhões entre 2017 e 2021 na fronteira com a Bolívia, região conhecida por rotas do tráfico.

A família Della, liderada por Ale Tahir Della, incluía seus filhos Matheus Prado Della e o ex-vereador Allex Dellas. Já a família Martins tinha como chefe Ioneide Nogueira Martins, o "Paraná", e contava com parentes como Ademilson Bezerra ("Paranazinho") e Maria Lúcia Martins.

Um mercadinho teria movimentado R$ 63 milhões, principalmente em transações com cartão de crédito, enquanto uma loja de conveniência em Corumbá faturou R$ 23 milhões – incluindo vendas para clientes em Belo Horizonte, a 1.600 km de distância.

Investigadores constataram que a maior parte do faturamento vinha de compras falsas com cartões dos próprios acusados, simulando movimento comercial. Em um dos estabelecimentos, cerca de 90% das transações eram suspeitas.

Os réus respondem por organização criminosa transnacional e lavagem de dinheiro. O MPF também pede indenizações por danos morais coletivos, chegando a R$ 2 milhões para os líderes. O processo corre em sigilo, mas as datas foram divulgadas no Diário de Justiça Eletrônico nesta quarta-feira (18).

Compartilhe: