Irã quer vender caviar e abrir empresa de navegação no Brasil

Bandeiras nacionais iranianas tremulam perto de uma rodovia principal em Teerã, Irã, na terça-feira, 17 de setembro de 2019 | Créditos: Ali Mohammadi/Bloomberg


O Irã, um dos principais parceiros comerciais do Brasil no Oriente Médio, quer vender caviar e abrir uma empresa de navegação em território brasileiro.

Hoje, o agronegócio é o principal motor do comércio entre Brasil e Irã. Dos dez principais produtos exportados ao país persa, nove são do setor agropecuário. A lista é liderada pela soja, seguida por milho, açúcar, animais vivos, carne bovina e café.

Os iranianos compraram mais de US$ 1,6 bilhão em soja brasileira em 2024, tanto em grão quanto em farelo para ração animal. O Brasil é o maior exportador de soja para o Irã.

O Brasil conta, inclusive, com um adido agrícola em Teerã, responsável por identificar novas oportunidades para produtos brasileiros na região e acompanhar pautas sanitárias e regulatórias.

Com o intuito de facilitar a logística entre os dois países e impulsionar o comércio bilateral, o ministro da Agricultura do Irã manifestou, durante visita ao Brasil, interesse em abrir uma empresa de navegação iraniana no país. A proposta foi apresentada em reunião com a cúpula do Ministério da Agricultura e Pecuária em abril.

Na ocasião, os dois governos concordaram com a criação de um comitê agrícola consultivo bilateral, com o objetivo de agilizar pautas de interesse comum e ampliar o intercâmbio técnico.

Apesar de o Irã ser um grande comprador de produtos brasileiros, o oposto não é verdadeiro. Em 2024, o Brasil importou menos de US$ 10 milhões em mercadorias iranianas, contra mais de US$ 3 bilhões em exportações ao país persa.

Uma das negociações em curso é a tentativa de abrir o mercado brasileiro para o caviar iraniano, produto tradicional do país persa. O Brasil já cumpriu três das cinco etapas técnicas exigidas para habilitar a importação, e a expectativa é de que o processo seja concluído em breve.

O caviar iraniano, especialmente o tipo beluga, é considerado um dos mais nobres e caros do mundo.
Procurada, a embaixada do Irã no Brasil não comentou a reportagem.

Relações Brasil — Irã

A relação bilateral entre Brasil e Irã vive um momento de estabilidade, após um curto período de tensão durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, que chegou a criticar publicamente o regime iraniano.

Apesar das críticas, Bolsonaro afirmava que não tinha intenção de romper com o Irã como parceiro comercial – o que, de fato, não aconteceu. Muito pelo contrário: em 2022, as exportações brasileiras ao país bateram recorde e ultrapassaram a marca de US$ 4 bilhões.

Em 2025, autoridades do Brasil e do Irã se reuniram diversas vezes em Brasília, durante os eventos preparatórios para a Cúpula dos Chefes de Estado do Brics, que acontece em julho, no Rio de Janeiro.

Foram reuniões ministeriais com representantes dos países do bloco econômico, tratando de temas específicos como agropecuária, infraestrutura e saúde. A expectativa é que autoridades iranianas e brasileiras voltem a se encontrar durante a cúpula.

O Irã passou a integrar os Brics em 2024, quando o grupo foi ampliado. Na ocasião, o presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, afirmou que os Brics são “uma saída para o totalitarismo dos EUA”.

Os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, com um fluxo de comércio que ultrapassou a casa dos US$ 80 bilhões em 2024.

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