Inquérito e processo administrativo são iniciados após morte e internações na 4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada de Dourados

| Créditos: Fabiane Dorta/RIT TV

A 4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada de Dourados emitiu um comunicado à imprensa na manhã desta quinta-feira (09), anunciando que está investigando o caso relacionado à morte de Vinícius Ibañez Riquelme, de 19 anos, e às denúncias de mães de recrutas sobre alegadas práticas de tortura durante o treinamento militar.

O General de Brigada Abelardo Prisco de Souza Neto permitiu que os jornalistas fizessem perguntas durante o pronunciamento, mas sem autorizar gravações, alegando que isso poderia interferir no andamento das investigações. A unidade de Dourados está encarregada do caso, uma vez que o Regimento de Bela Vista está subordinado a ela.

Tanto o Exército quanto a Brigada instauraram um inquérito e um procedimento administrativo em relação ao incidente. Vinícius Ibañez Riquelme, que era recruta, adoeceu durante um exercício de campo na cidade de Bela Vista e veio a falecer posteriormente.

Segundo informações do Exército, ele recebeu atendimento médico no local pelo pessoal militar, sendo depois transferido para o Hospital de Bela Vista e, devido à gravidade de seu estado, encaminhado para o Hospital da Santa Casa de Campo Grande, onde faleceu no dia 27 de abril.

O treinamento em campo, que ocorreu entre os dias 22 e 26 de abril, envolveu 170 recrutas e 39 instrutores.

A família optou por transladar o corpo para o Paraguai, onde residiam, para os ritos fúnebres. O General de Brigada Abelardo Prisco de Souza Neto afirmou que o Exército prestou todo o suporte necessário à família durante os procedimentos.

A imprensa foi informada de que as investigações em andamento estão reconstituindo os eventos envolvendo o jovem dentro da instituição, incluindo o testemunho de pessoas presentes e a análise de documentos. O inquérito inclui também a certidão de óbito de Riquelme, que aponta exaustão devido a exercícios físicos rigorosos. O processo administrativo deve levar cerca de 30 dias, podendo ser prorrogado, enquanto o inquérito tem um prazo de 40 dias, após o qual será encaminhado ao Ministério Público.

O Exército afirmou que, caso as investigações revelem infrações ou má conduta, serão tomadas as medidas disciplinares adequadas com base nos regulamentos militares.

Logo após a morte de Riquelme, dois recrutas apresentaram sintomas respiratórios graves, seguidos de outros casos nos dias seguintes. O Exército organizou uma equipe de gerenciamento de crise e alertou as famílias sobre a situação. Ao todo, 89 atendimentos foram realizados, resultando em 28 internações, incluindo três em UTI. Após testes, oito recrutas foram diagnosticados com influenza, um com suspeita de dengue, e outros casos foram tratados sem exames solicitados pela equipe médica. Todos os atendidos já receberam alta hospitalar.

Após a morte de Riquelme e as hospitalizações de outros recrutas, familiares do falecido e mães de outros jovens na unidade procuraram a OAB de MS para relatar supostas práticas de tortura. Na sede da OAB-MS, foi protocolada uma representação solicitando providências urgentes e o envolvimento pessoal da presidência da instituição na investigação dos fatos.

Os representantes da instituição informaram que as alegações estão sendo investigadas no processo administrativo.

A 4ª Brigada de Dourados é responsável por 11 unidades em MS, com cerca de 4.500 homens.

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