Índia X Paquistão: pequeno confronto nuclear pode matar 20 milhões em uma semana
- porR7
- 08 de Maio / 2025
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Forças Armadas da Índia disparam mísseis durante exercícios de treinamento | Créditos: Divulgação/Ministério da Defesa da Índia
Os recentes ataques entre Índia e Paquistão na região da Caxemira deixaram dezenas de mortos e feridos e intensificaram as tensões entre as duas potências nucleares, que possuem, respectivamente, o 6º e o 7º maiores arsenais do mundo.
A disputa pela Caxemira, reivindicada pelos dois países, já levou a três guerras desde a independência de ambos, em 1947, além de conflitos menores, como a Guerra de Kargil, em 1999, e confrontos na fronteira.
Nesta quarta-feira (7), ao menos 12 pessoas morreram e outras 38 ficaram feridas em um ataque do Paquistão na região indiana. A ação foi uma resposta aos ataques com mísseis lançados pela Índia na noite de terça (6), que resultaram em 26 mortes e 46 feridos.
Ainda na terça, o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, anunciou que o país vai interromper o fluxo de água dos rios que nascem no território indiano e seguem para o Paquistão.
De acordo com a Federação de Cientistas Americanos (FAS), a Índia detém cerca de 180 ogivas nucleares, enquanto o Paquistão tem aproximadamente 170. Ambos mantêm suas ogivas em reserva – ou seja, não estão implantadas e, por isso, precisam ser preparadas para uso.
Ao contrário dos dois países, Estados Unidos e Rússia, que concentram, juntos, 84% das 12.331 ogivas nucleares que existem no mundo, têm milhares dessas armas prontas para lançamento a qualquer momento.
Potências nucleares
A Índia se tornou uma potência nuclear em 1974, e o Paquistão, em 1998. A doutrina nuclear indiana, conhecida como “First No Use” (não usar primeiro), estabelece que o país só recorrerá a armas nucleares em retaliação a um ataque nuclear.
No entanto, em agosto de 2019, o país sinalizou que poderia reconsiderar essa política, de acordo com o Centro de Controle de Armas e Não Proliferação, organização norte-americana dedicada a reduzir ameaças nucleares.
Já o Paquistão não adota uma política de “não uso primeiro” e prioriza armas nucleares táticas de curto alcance para conter as forças convencionais superiores da Índia, segundo a emissora britânica ITV.
O programa nuclear de ambos os países é moldado pela rivalidade histórica. O Paquistão desenvolveu suas armas para evitar ataques rápidos da Índia, enquanto a estratégia indiana procura responder a provocações paquistanesas.
Apesar do risco, os dois países são signatários de um acordo que proíbe ataques a suas respectivas instalações nucleares – ambos trocam informações sobre a localização dessas instalações anualmente há 34 anos, segundo a ITV.
Riscos para o mundo
Embora ambos os países afirmem que seus arsenais nucleares têm função dissuasória – que buscam prevenir guerras, não iniciá-las –, especialistas alertam para o potencial devastador de um conflito nuclear na região.
Segundo o Centro de Controle de Armas e Não Proliferação, uma pequena troca nuclear entre Índia e Paquistão poderia matar 20 milhões de pessoas em uma semana e, em caso de um “inverno nuclear”, colocar quase 2 bilhões de pessoas em risco de fome no mundo em desenvolvimento.