Ibovespa termina com baixa curta, em meio à incerteza global e taxas de juros

| Créditos: Reprodução/Infomoney


A fumaça preta anunciou: nada de papa ainda! A votação lá no Vaticano continua amanhã para o sucessor de Francisco. A incerteza sobre quem vai comandar a Igreja Católica continua, assim como a incerteza no mercado financeiro. A Super Quarta pouco esclareceu, pelo menos na parte do Federal Reserve, que também soltou fumaça preta pelas ventas diante do desequilíbrio causado pelas tarifas.

Assim, as bolsas reagiram de maneira pouco sólida. No Brasil, o Ibovespa recuou 0,09%, aos 133.397,52 pontos, uma perda de 118,30 pontos. Daqui a pouco, após o fechamento do mercado, saberemos a cor da fumaça do Banco Central do Brasil, que deve subir a Selic em mais 0,5 ponto percentual, e reforçar o tamanho dessa incerteza toda.

O dólar comercial já respondeu, porém: fez a terceira alta consecutiva, agora com mais 0,62%, a R$ 5,746. Os DIs (juros futuros) ficaram mistos.

Fed mantém taxa de juros

O Federal Reserve manteve as taxas de juros no mesmo patamar, como o mercado esperava, citando riscos crescentes de inflação e desemprego mais altos. “Momento é de esperar antes de ajustes na política monetária”, disse o presidente da instituição, Jerome Powell. As tarifas são a causa da incerteza. Nessa seara, o dia até começou bem, com China e EUA afirmando que negociações vão começar na Suíça. Mas Trump correu para dizer que não reduzirá as tarifas da China antes de iniciar as negociações, algo que os chineses vêm pedindo. Fumaça preta.

Operadores mantêm projeção de que Fed cortará taxa de juros somente em julho. Mas Powell acha “muito cedo” para ter certeza disso. Fumaça preta. Assim, os principais índices em Nova York terminaram o dia de forma mista. Mais cedo, na Europa, quedas.

“A manutenção dos juros sinaliza um voto de confiança do banco central na força da economia americana, já que as condições de mercado de trabalho e outros indicadores econômicos continuam estáveis, com exceção da contração no PIB americano no primeiro trimestre – que ocorreu especialmente por conta de uma forte antecipação de importações relacionada aos efeitos das tarifas (importações são uma subtração no cálculo do PIB)”, explicou Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad.

RD e Vamos despencam, Petrobras sobe

No Brasil, a queda seguiu o roteiro dos últimos dias: incerteza, com a adição dos balanços corporativos. O nome do dia foi RD (RADL3), que perdeu 14,76%, com declínio no lucro líquido no 1T25. Vamos (VAMO3) perdeu 7,05%, com trimestre pressionado por despesas financeiras. Caixa Seguridade (CXSE3) caiu 0,90%, mesmo com lucro bilionário.

Carrefour (CRFB3) se despede da B3 com um trimestre considerado misto. A ação terminou o dia com leve queda de 0,23%. E Klabin (KLBN11) subiu 2,68%, com resultados sólidos.

Após o fechamento de hoje, é o Bradesco (BBDC4) quem solta seus números e a ação caiu 1,51%, com projeções do mercado. Mas os demais bancos se salvaram e subiram: BB (BBAS3) foi destaque, com alta de 1,42%.

A Vale (VALE3) oscilou bastante no dia e ficou com menos 0,19%, mesmo com minério de ferro na máxima de duas semanas. Petrobras (PETR4) igualmente oscilou, mas terminou com alta de 0,46%, apesar da queda do petróleo internacional.

Fumaça branca só mesmo no campo dos dados. A produção industrial brasileira em março surpreendeu e superou as expectativas de mercado. Mas a projeção é que o segundo semestre brasileiro apresente desaceleração definitiva da atividade. A ver.

Amanhã, é dia de inflação ao produtor no Brasil, mas ainda tem decisão de juros na Inglaterra, repercussão da decisão do Copom (e do comunicado) e, claro, o conclave. Qual fumaça vamos ver? 

(Fernando Augusto Lopes)

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