O que era só uma recuperação das perdas do começo da semana, acabou se transformando em um rali delicioso para o Ibovespa, que hoje emendou uma terceira alta consecutiva, ao subir 0,90%, indo aos 128.660 pontos – o equivalente a um avanço de 1.147 pontos.

O dólar comercial veio no mesmo embalo, com a terceira baixa seguida, dessa vez com menos 0,9%, fechando cotado a R$ 5,57. Os juros futuros (DIs), por sua vez, terminaram em queda, com as curvas longas cedendo de forma mais ampla.

Parte deste movimento veio do fluxo positivo em NY. Em Wall Street, o Dow Jones subiu 1,7%, o Nasdaq ganhou 2,8% e o S&P 500 disparou 2,3%, em seu melhor desempenho diário desde 2022.

O que empolgou as bolsas, especialmente nesta quinta-feira, foram os dados de pedidos de seguro-desemprego nos EUA, que vieram abaixo da expectativa, mostrando que o mercado de trabalho no país está saudável e resiliente, apesar do susto dado, semana passada, pelo payroll.

“Foram números bem melhores do que o esperado, em relação a um indicador que nem é tão importante, que raramente mexe com o mercado. Mas hoje mexeu bem, já que acaba espantando o receio de uma recessão nos EUA. Na hora da divulgação, o nosso índice futuro subiu bastante com o mercado otimista. E a alta permaneceu ao longo do dia”, disse o analista Rodrigo Cohen.

Mesmo assim, contudo, ainda há um sentimento de cautela, apreensão e preocupação. Isso porque os investidores esperam pelo próximo movimento do Federal Reserve. Investidores esperam que o Fed corte os juros em 50 pontos-base, à medida que a economia desacelera. Entretanto, há uma precificação menor, de 26,5% de chance de um corte menor, de 25 pontos-base, de acordo com a ferramenta FedWatch, do CME Group.

Ibovespa e a temporada de balanços
Por aqui, no Brasil, o foco dos investidores se concentra, neste momento, na temporada de balanços do 2º trimestre. E os resultados trouxeram gratas surpresas.

Embraer (EMBR3) decolou 9,99%, após os números do 2T24. O Bradesco BBI ressalta que os dados foram fortes, com perspectiva positiva e gatilhos.

Braskem (BRKM5) subiu 2,76%, mesmo com o prejuízo quadruplicando no trimestre. A XP ressalta que o Ebitda superou a sua projeção em 4%. Enquanto isso, o aumento dos spreads petroquímicos, tanto nos principais produtos químicos quanto nas resinas, impulsionou a melhora do Ebitda.

Em compensação, Ultrapar (UGPA3) caiu 5,94%, com preocupações sobre os estoques. “Vemos um terceiro trimestre com volatilidade menor“, afirmou o executivo em conferência com analistas após a publicação dos resultados de segundo trimestre.

O nome do dia está fora do índice: Casas Bahia (BHIA3) disparou nada mais, nada menos do que 24,36%, com balanço fraco, mas melhor do que o esperado. Ainda no setor de consumo, três resultados foram considerados positivos, mas com impactos diferentes para as ações: C&A (CEAB3) caiu 6,79%; Guararapes (GUAR3) disparou 8,99% e CVC (CVCB3) perdeu 1,60%.

Enquanto isso, os grandes bancos encerram a temporada do setor, com Banco do Brasil (BBAS3) caindo 0,42%. Embora o resultado final tenha superado as expectativas e o ROE tenha permanecido em 22%, o Goldman Sachs disse ter identificado tendências “mistas” no trimestre. Já o Bradesco (BBDC4) conseguiu sua sétima alta seguida, com 1,14%.

Petrobras

Agora, nesta noite, quem vai divulgar seus resultados é a Petrobras (PETR4), que subiu 1,6% hoje na Bolsa. A expectativa de analistas é de que os números venham ligeiramente abaixo do trimestre anterior. A razão disso é a menor produção de petróleo, que, de acordo com analistas, teria eclipsado o maior volume de vendas e os preços mais estáveis de combustíveis.

Já a Vale (VALE3), fora dessa bolo de balanços, caiu 0,61%, seguindo a baixa do minério de ferro na China.

Para fechar a semana, nesta sexta-feira (9), é dia de IPCA de julho – que será imprescindível para continuidade ou não do mini rali da Bolsa dos últimos 3 dias. (Fernando Augusto Lopes)