Ibovespa fecha em alta, com Suzano, Petrobras e Equatorial; Lula fala em cortar gasto
- porInfoMoney
- 27 de Junho / 2024
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| Créditos: G1 Investing
Só festa no Ibovespa hoje! O principal índice da Bolsa brasileira fechou com ganhos de 1,36%, aos 124.307,83 pontos, na máxima do dia, um avanço de 1.666,53 pontos. É o maior patamar de fechamento desde 27 de maio (um mês, porém, que o IBOV não fecha acima dos 124 mil). É também o maior ganho em um único dia desde 26 de abril, quando avançou 1,51%. Para completar a festa, o dólar comercial até subiu no meio da sessão, mas terminou a quinta-feira com queda de 0,20%, a R$ 5,50. Só os DIs (juros futuros) é que ficaram fora da alegria, ao subir por toda a curva.
Não faltou ponto de estresse nesta sessão. O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ao contrário dos outros dias, falou duas vezes e nas duas vezes não estressou o mercado. Salientou nas duas ocasiões: “eu só posso gastar aquilo o que eu tenho; se eu tiver que fazer uma dívida, será uma dívida que permita eu aumentar o meu patrimônio”. O presidente deixou ainda mais claro: “sempre tem lugar no Orçamento para cortar“. Apesar disso, falou que não quer ouvir sobre “cortar benefícios para pobres que têm direito” e que “este país tem muito subsídio e muita desoneração”. O discurso foi ecoado por Fernando Haddad, ministro da Fazenda, mostrando comunhão. Nesse momento, na reta final, do pregão, o Ibovespa passou a renovar máximas constantemente.
Lula ainda falou sobre a dívida do País, sobre escolha para a presidência do Banco Central, e sobre a desvalorização do real: “quem apostar no fortalecimento do dólar ante o real vai quebrar a cara”. Mas quem fez isso em 2024, até aqui, se deu bem. “Qualquer investimento em moeda estrangeira se beneficia nestes momentos. É uma relação contábil, com a depreciação do real os ativos no exterior passam a valer mais na moeda nacional”, disse Evandro Buccini, sócio e diretor de crédito e multimercados da Rio Bravo Investimentos.
O presidente do BC também falou. E cutucou mandatário máximo da República. Roberto Campos Neto disse que pronunciamentos feitos por Lula impactam negativamente preços de mercado e que o efeito desses movimentos pode dificultar a atuação da autoridade monetária. “O que se mostrou no passado recente – não é uma opinião minha, é uma constatação – quando a gente olha movimentos de mercado em tempo real com os pronunciamentos, teve piora em algumas variáveis macroeconômicas, em alguns preços de mercado”, afirmou em entrevista à imprensa. “Então é óbvio que quando você aumenta o prêmio de risco, faz com que o trabalho [do BC] fique mais difícil ao longo do tempo”.
Ontem à noite, a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), após a edição do decreto que definiu a adoção de um sistema de “meta contínua” de inflação para o País, foi marcada por um tom cordial entre Haddad e Campos Neto, que até chegaram a trocar elogio, segundo relatos. Mas Campos Neto falou também que a nova sistemática não representa maior nem menor suavização no trabalho da autoridade monetária, apesar do aplauso dos economistas com a decisão.
O dia ainda teve Caged de maio em desaceleração, embora nada preocupante. Leonardo Costa, economista do ASA, ressaltou “era esperado ritmo mais fraco de geração de postos de trabalho em maio, por conta dos efeitos negativos da crise no Rio Grande Sul, contudo, esperamos recuperação do mercado de trabalho em junho”.
Ibovespa, NYSE e ações
O movimento nos EUA ajudou pouco. Por lá, a cautela predominou, já que amanhã sai o relatório do índice de preços de consumo pessoal, o temível PCE, que é o preferido pelo Fed para fins de política monetária. Os principais índices em Wall Street oscilaram muito, mas não só pelo PCE. Lá, ainda teve divulgação do PIB final do 1T24, que mostrou desaceleração; mais dados sobre o mercado de trabalho; e teve integrante do Fed dando susto no mercado.
Por aqui, a alegria veio das ações, principalmente. A exceção, entre as mais pesadas, foi a Vale (VALE3), que passou o dia em baixa, apesar da alta do minério de ferro na China, para só no finalzinho devolver as perdas e fechar com leve alta, de 0,26%.
Suzano, Petrobras e Equatorial
De resto, uma festa de ganhos. Petrobras (PETR4) subiu 1,67%, com um grande banco elevando o ativo para compra e com o petróleo internacional subindo novamente. Equatorial (EQTL3) disparou 6,29%, por ter sido a única a apresentar proposta pela Sabesp (SBSP3), que por sua vez caiu 2,81%. GPA (PCAR3) ampliou largos 8,05%, após anunciar a venda de 71 postos de gasolina por cerca de R$ 200 milhões, em um novo passo rumo à desalavancagem financeira. O Bradesco BBI tem uma visão positiva sobre o desinvestimento de ativos não essenciais, uma vez que o GPA irá concentrar a sua força e atenção de gestão no negócio de varejo alimentar. E Enauta (ENAT3) e 3R Petroleum (RRRP3) jorraram ganhos com mais 4,66% e 5,25%, após aprovação em ambas das assembleias sobre a fusão.
Mas duas histórias foram o foco do dia. A primeira, positiva. Suzano (SUZB3) liderou os ganhos do dia, com polpudos mais 12,18%, após desistência de negócios com a IP. E a segunda, Americanas (AMER3), que voltou ao noticiário policial, com a Polícia Federal realizando buscas para prender ex-diretores – que o mercado enxerga como uma ação atrasada. No final das contas, as ações pouco se mexeram ao longo do pregão, terminando estáveis.
Amanhã, é último dia da semana, de junho, do segundo trimestre e do primeiro trimestre. “Vai ter emoção até o fim”, diria o narrador de futebol. Até porque o PCE vem aí. Mas a festa continua?
Por Fernando Augusto Lopes