Ibovespa fecha com ganhos puxados por Bradesco e exterior, mas Petrobras recua
- porInfoMoney
- 03 de Junho / 2025
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| Créditos: Reprodução/Infomoney
Não demorou. O Ibovespa conseguiu na segunda sessão de junho a primeira vitória do mês: alta de 0,56%, aos 137.546,26 pontos, um ganho de 759,61 pontos. Assim, consegue interromper uma sequência de quatro baixas seguidas. Mas não foi fácil, o dia começou cambaleante, sem força, tanto aqui, quanto em Nova York.
O dólar comercial teve a mesma trajetória de altas e baixas até fechar com menos 0,70%, a R$ 5,635. Os DIs (juros futuros) terminaram a sessão de forma mista.
Nvidia e IA puxam altas em Nova York
As tarifas do governo Trump seguem ditando os humores dos investidores mundo afora. Hoje, não foi diferente, mas os acordos tarifários com outros países lideraram o sentimento, impulsionando Nvidia e ações ligadas à Inteligência Artificial.
“Wall Street está enxergando além desse jogo de pôquer de alto risco e acredita que a agenda de Trump e Xi para falarem esta semana é otimista para as relações entre os EUA e a China”, disse à CNBC o analista Dan Ives, da Wedbush Securities, acrescentando que a Nvidia é uma das principais beneficiárias das negociações entre os dois países.
Os principais índices em Nova York subiram, embora sem tanta convicção. Ontem, viraram no final dos trabalhos e conseguiram altas curtas. Hoje, os ganhos foram maiores, entretanto a Casa Branca colocou um pouco de água no chope ao lembrar que Donald Trump ia assinar a ordem executiva para dobrar as tarifas para o aço e o alumínio. Não há sossego nessa política comercial imposta pelos EUA.
A OCDE hoje, inclusive, alertou que as tarifas do governo Trump vão afetar a economia global mais do que o esperado. Lisa Cook, membro do Conselho do Federal Reserve diz já perceber efeitos das tarifas na economia atual.
Por ora, os dados jogam a favor de Trump. O mercado de trabalho mostrou hoje mais força do que se projetava, com criação de postos de trabalho acima do que o mercado esperava. Por outro lado, as encomendas à indústria em abril recuaram mais de 3%.
Sinergia entre Lula e Haddad
No cenário doméstico, falas de Fernando Haddad, ministro da Fazenda, e do presidente Lula, em momentos distintos, mostraram sinergia. Haddad disse que o melhor que podia ter acontecido foram as críticas ao IOF proposto pela Fazenda. Segundo ele, agora a discussão sobre medidas estruturantes se tornou mais séria. Presidentes das duas Casas do Congresso e governo se reuniram para encontrar uma solução. Mas as medidas só serão anunciadas após encontro com líderes no domingo (8).
Haddad, de toda forma, não quer penalizar os mais pobres. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, saiu da reunião exaltando a “maturidade política e institucional de Haddad”.
De manhã, em conversa com jornalistas, o presidente Lula tratou de diversos assuntos e disse que o Banco Central deve baixar “em breve” os juros e que tem 100% de confiança “no companheiro” em Gabriel Galípolo.
Importante notar que Lula deu mais gás a Haddad, ao criticar as renúncias fiscais em torno de R$ 800 bilhões, discurso que seu ministro da Fazenda vem tendo nos últimos dias, desde que a novela do IOF começou.
Produção industrial de abril
E ainda teve a produção industrial de abril, que acabou agradando a gregos e troianos. Com alta de 0,1%, emendou o quarto mês de alta, o que ajuda a visão do copo meio cheio do governo.
Por outro lado, desempenho da indústria fortalece projeções de esfriamento gradual do setor, o que ajuda a visão de copo meio vazio que quer o mercado e o Banco Central no controle da inflação.
Vale e Petrobras caem, Bradesco sobe
No campo das ações, o cenário foi o inverso de ontem. Vale (VALE3) hoje caiu 0,06%, em um ano que tem se mostrado difícil, enquanto ontem subiu. A Petrobras (PETR4) igualmente desceu, mas com 0,27%, no caminho inverso de ontem e no caminho inverso da alta do petróleo internacional. Petrobras sofreu por conta de uma proposta do governo federal para fazer caixa.
Se as duas potências caíram, o Ibovespa se salvou porque outras ações de peso levaram o índice para cima, como os bancos. Bradesco (BBDC4) ganhou 1,70%, como uma das mais negociadas do dia, após analistas elevarem recomendação para compra. BB (BBAS3) também respirou hoje e subiu 0,27%.
O varejo conseguiu altas robustas. Magazine Luiza (MGLU3) é o maior exemplo da força que o setor deu ao IBOV hoje, com mais 7,44%. Mas fora do índice, nomes como Casas Bahia (BHIA3) e Americanas (AMER3) saíam por cima: mais 8,52% e 10,94%, respectivamente. Petz (PETZ3), que teve aprovação da fusão com a Cobasi sem restrições, avançou 0,93%, mas bem longe da máxima do dia.
Igualmente fora do índice, Azul (AZUL4), em recuperação judicial nos EUA, foi rebaixada por mais uma agência de risco, a Moody’s, mas conseguiu um voo alto hoje, com mais 8,79%; enquanto Gol (GOLL4) ganhou 0,67%.
O dia ainda teve Eletrobras (ELET3) subindo 0,36%, com analistas reiterando compra, de olho na avaliação atrativa; TIM (TIMS3) ganhando 1,64%, com grupamento e desdobramento de ações; e Rede D’or (RDOR3) caindo 3,04%, após reduzir previsão de abertura de leitos.
A terça-feira agitada talvez encontre par com a quarta-feira. Amanhã, novos dados do mercado de trabalho nos EUA saem, com os empregos privados ADP de maio, e novas rodadas de PMI (índice gerente de compras), incluindo no Brasil. Mas Trump, Xi Jinping, Haddad e IOF seguirão fungando no cangote do investidor. Sossego mesmo só sabe-se lá quando.
(Fernando Augusto Lopes)