Ibovespa fecha com alta mesmo após novas críticas de Lula ao presidente do BC
- porInfoMoney
- 01 de Julho / 2024
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| Créditos: G1 Investing
Começa o segundo semestre com o Ibovespa ainda surfando na tendência de alta vista no final de junho. Hoje, no primeiro pregão do semestre (e da semana e de julho e do 3T24), o índice conseguiu alta de 0,65%, aos 124.718,07 pontos, um ganho de 811,52 pontos. O dólar comercial também segue em alta, embora tenha aberto o dia em queda, fechando com mais 1,15%, a R$ 5,65 – disparando na reta final. E os juros futuros (DIs) subiram, sobretudo nos vértices mais curtos. Lá fora, os principais índices em Nova York conseguiram ganhos.
Por aqui, a questão fiscal segue no foco. Com o presidente Lula garantindo que o salário mínimo não terá alteração de política, e que não fará “ajuste fiscal com o salário mínimo”, o mercado faz projeções do custo de valorização. De acordo com estimativas feitas pelo economista Fabio Giambiagi, pesquisador associado do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre), o impacto em 10 anos chegará a R$ 550 bilhões. Na prática, caso esse cenário se confirme, boa parte do ganho obtido com a reforma da Previdência, em 2019, será anulada.
Além de pressionar a Previdência, a política de valorização do salário mínimo também ameaça o arcabouço fiscal, aprovado no ano passado pelo Congresso e cujo limite avança em ritmo mais lento (até 2,5% acima da inflação). “Essa mudança da regra tem efeitos absolutamente devastadores para o futuro da Previdência Social”, afirmou Giambiagi, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo. “A reforma de 2019 não foi feita para reduzir a despesa do INSS. Todo mundo sabia que a despesa do INSS continuaria a aumentar”, explica o economista.
Mas o Ministério da Fazenda busca compensações, agora pelo lado da despesa, o que tem agradado o mercado. A possível mudança na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), em discussão na pasta, dentro da agenda de revisão de despesas para o equilíbrio fiscal, poderia gerar uma economia de pelo menos R$ 20 bilhões para o governo no cumprimento do piso constitucional da Saúde. O número é resultado de estimativas feitas por economistas a pedido desta reportagem, após o InfoMoney antecipar, na sexta-feira (28), que a equipe econômica estuda alterar o conceito da RCL para reduzir a base de cálculo sobre a qual é calculado o mínimo de 15% de despesas na área da Saúde. Esse número pode aumentar para próximo de R$ 23 bilhões, dependendo da conta.
Não é uma negociação fácil. Mas Tiago Sbardelotto, economista da XP Investimentos, tem uma conta parecida. Segundo ele, as mudanças poderiam reduzir em R$ 150 bilhões a base de cálculo do piso constitucional, em uma economia anual de cerca de R$ 22,5 bilhões.
Entretanto, o ajuste pelas receitas segue no radar, dessas vez com o governo atacando os FIIs e os Fiagros, o que não foi bem recebido. Para muitos, seria um contrassenso.
Enquanto isso, o presidente da República segue martelando o presidente do Banco Central: “o BC tem que ter uma pessoa indicada pelo presidente. Como pode o presidente da República ganhar as eleições e depois ele não poder indicar o presidente do BC? Estou há 2 anos com o presidente do BC do Bolsonaro. Não é correto isso”, criticou Lula. “O correto é que entre o presidente da República e indique o presidente do BC. Se não der certo, ele tira, como o Fernando Henrique Cardoso [presidente da República de 1995 a 2002] tirou três”.
Ibovespa tem ajuda de Petrobras e Vale
O quadro, como se vê, não mudou muito da semana passada. E o Ibovespa também segue em alta.
Na China, o minério de ferro subiu, com melhora dos dados na maior economia no Oriente, e Vale (VALE3) subiu 1,48%. O petróleo também subiu nas duas principais referências e Petrobras (PETR4) avançou 1,52%. B3 (B3SA3) contribuiu com a alta de 2,25%, após a melhora da própria Bolsa de Valores brasileira, embora o volume de negociação siga baixo.
Dois ativos foram importantes para ajudar a elevar o Ibovespa: Equatorial (EQTL3) e Sabesp (SBSP3) figuraram entre as mais negociadas do dia e subiram 4,37% e 4,24%. A Equatorial foi a única finalista no processo de disputa por um investidor estratégico no âmbito da privatização da Sabesp, com uma oferta de R$ 6,9 bilhões pela participação, informou a companhia paulista de saneamento em fato relevante nesta sexta-feira (28). O investimento representa um preço por ação de R$ 67, abaixo do valor de fechamento dos papéis da Sabesp nesta sexta-feira, de R$ 74,97. Será um mês importante para as empresas de saneamento.
“As ações da Equatorial foram incluídas na carteira 10SIM do mês de julho do BTG Pactual, o que também impulsionou o papel hoje”, lembrou Fabio Louzada, economista, planejador financeiro e fundador da Eu me banco.
Já o bancos seguram o ímpeto do Ibovespa, com quedas consistentes, com destaque para o BB (BBAS3), que desceu 1,31%, enquanto Bradesco (BBDC4) recuou 0,89% e o Itaú Unibanco (ITUB4) desvalorizou 0,48%; Ainda no setor financeiro, a ação mais negociada, com mais do que o dobro da segunda colocada, PETR4, foi BPAC11, que terminou com alta de 0,94%.
Fora do índice, Gol (GOLL4) segue sua derrocada. A aérea, em recuperação judicial nos EUA, divulgou na sexta-feira (28) seus números operacionais preliminares de maio de 2024, que fazem parte do processo do Chapter 11 da empresa. A aérea registrou prejuízo líquido de R$ 371 milhões em maio, enquanto a receita líquida da companhia somou R$ 1,27 bilhão no mês passado; já a dívida liquida chegou a R$ 24,4 bilhões no período. Hoje, a queda foi de 3,88%, levando o ativo novamente para baixo de R$ 1, com R$ 0,99.
Voltando ao exterior, as eleições na França foram protagonistas no final de semana, com avanço confirmado da extrema-direita, uma derrota para o macronismo e para o Mercosul. O presidente francês trucou e aparentemente tomou o zap na testa. O segundo turno acontece no próximo domingo.
E amanhã é dia de Jerome Powell, presidente do Fed, falando. Mercado de ouvidos abertos. Tem também relatório JOLTs de empregos nos EUA. Alerta de tensão. (Fernando Augusto Lopes)
Confira as últimas dos mercados
Ibovespa fecha com alta de 0,65%, aos 124.718,07 pontos
Máxima: 125.219,91
Mínima: 123.735,19
Diferença para a abertura: +811,52 pontos
Volume: R$ 20,90 bilhões
Confira a evolução do IBOV durante a semana, mês e ano:
Segunda-feira (1º): +0,65%
Semana: +0,65%
Julho: +0,65%
3T24: +0,65%
2024: -7,06%
Dólar comercial termina dia com uma alta robusta, agora de 1,15%
O dólar teve segundo avanço robusto diante do real, após a alta de sexta (28). O movimento de hoje foi diverso ao da divisa norte-americana na comparação com as principais moedas do mundo, que ficou com o DXY em leve baixa 0,03%.
Venda: R$ 5,653
Compra: R$ 5,652
Mínima: R$ 5,567
Máxima: R$ 5,657
Principais índices em Nova York encerram o dia com ganhos
Investidores em Nova York iniciaram o segundo semestre comprando, mas comprando as mesma ações dos últimos tempos. Analistas ainda estão cientes da falta de amplitude de mercado que continua a atormentar e pode influenciar os movimentos no segundo semestre do ano, de acordo com o vice-presidente sênior e especialista em portfólio da Calamos Investments, Joseph Cusick. Ele observou que apenas 10 ações representam cerca de 33% do peso total do S&P 500, um nível de desproporção que, segundo ele, só ocorreu três vezes no passado. “O público e os consultores estão vendo e sentindo esta pressão de riscos aumentados”, disse Cusick à CNBC. “A desculpa neste ciclo é que a natureza do domínio do mercado não parece diminuir, mas com os mercados perto dos máximos históricos, os consultores e clientes não devem abandonar a gestão proativa da carteira e a diversificação da estratégia”.