Guerra na Ucrânia: delegações se encontram em Istambul em busca de paz

| Créditos: © Reuters/Arda Kucukkaya/Turkish Foreign MinistryProibida reprodução


As negociações para alcançar a paz em território ucraniano começaram nesta sexta-feira (16) em Istambul, onde estão reunidos representantes da Ucrânia, da Turquia e dos Estados Unidos (EUA). O secretário de Estado norte-americano já está em solo turco para reuniões paralelas com os representantes de Kiev e Moscou.

Ao mesmo tempo, altos representantes ucranianos reuniram-se também, na mesma cidade turca, com europeus e norte-americanos – encontro que aconteceu antes das conversações previstas com a Rússia, das quais os europeus estão excluídos.

Participam deste primeiro encontro o ministro ucraniano da Defesa, Rustem Umerov, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Andriy Sybiga, e o chefe da administração presidencial ucraniana, Andriy Iermak, com os conselheiros de segurança franceses, alemães e britânicos e o enviado dos Estados Unidos, Keith Kellogg.

Após a confirmação da ausência de Vladimir Putin e Donald Trump nas negociações de paz na Turquia, o presidente ucraniano anunciou que não estaria presente e que enviaria uma delegação a Istambul para negociar um cessar-fogo com a Rússia. Nessa quinta-feira, Volodymyr Zelensky acusou Moscou de não levar as negociações "a sério" e de enviar uma delegação de "pura fachada".

Após impasse sobre o encontro de líderes, a diplomacia turca anunciou que estão sendo realizadas reuniões trilaterais nesta sexta-feira, embora as expectativas para que se alcance um cessar-fogo não sejam elevadas.

Construção de confiança

À margem dessas negociações, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, vai se reunir com autoridades russas e ucranianas. Em seguida, as delegações de Moscou e de Kiev voltam a se reunir com o ministro turco dos Negócios Estrangeiros, Hakan Fidan – que já considerou que as primeiras conversações, nessa quinta-feira à noite, tinham sido “produtivas”.

Entretanto, fonte da delegação ucraniana em Istambul afirmou à Reuters que há necessidade de impor medidas de construção de confiança.

“Para que qualquer ato diplomático seja eficaz, é necessário um cessar-fogo. Real, duradouro e bem monitorado”, disse a fonte. “Também são necessárias medidas humanitárias de fortalecimento da confiança, como regresso de crianças ucranianas, civis detidos e a troca de prisioneiros de guerra na base de todos por todos”.

A obtenção de um cessar-fogo incondicional por parte de Moscou é prioridade da Ucrânia nas negociações que ocorrem em Istambul, disse também o gabinete presidencial ucraniano. A posição transmitida pelo chefe do gabinete da Presidência ucraniana, Andri Iermak, foi divulgada em redes sociais antes das conversações com a Rússia.

A delegação russa já chegou também ao Complexo Presidencial Dolmabahce, em Istambul, para negociações diretas com as autoridades ucranianas, informou a agência russa TASS. Será a primeira vez que os dois lados negociam diretamente desde o início do conflito, mas a ausência de Vladimir Putin no encontro deixa esperanças mitigadas sobre eventuais progressos no sentido da assinatura de um acordo de paz.

O próprio secretário de Estado norte-americano disse, ontem à noite, que não tinha “grandes expectativas” para a reunião, reconhecendo que a representação russa não estava “no nível” esperado pelos Estados Unidos.

Enquanto ocorrem, em Istambul, negociações com vista a potenciais acordos de paz, os confrontos no leste da Europa continuam. As defesas aéreas ucranianas dizem ter abatido 73 drones de ataque Shahed, lançados pela Rússia na última noite. Do lado russo foi divulgada a interceptação de 64 drones ucranianos. 

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