Um dos setores mais tradicionais da economia do Uruguai, a pecuária, está no centro de um dos maiores escândalos financeiros do país. Três empresas que ofereciam aplicações financeiras em gado estão sendo acusadas de fraude, resultando em perdas estimadas em US$ 300 milhões para cerca de 6.000 investidores. A informação foi divulgada pela agência Bloomberg nesta quinta-feira (20).

A Conexión Ganadera, apontada como a mais afetada, teria iniciado suas atividades como um empreendimento viável, mas passou a enfrentar dificuldades financeiras ao longo dos anos. Segundo o contador externo Ricardo Giovio, a falta de liquidez levou a empresa a adotar uma estrutura semelhante a um esquema de pirâmide. As outras duas companhias envolvidas, República Ganadera e Grupo Larrarte, também entraram em processo de reestruturação ou recuperação judicial devido ao déficit de ativos.

O setor pecuário é um dos pilares da economia uruguaia, representando cerca de 30% das exportações do país e gerando receitas anuais superiores a US$ 2 bilhões. O Uruguai conta com aproximadamente 12 milhões de cabeças de gado e exporta carne bovina para mercados exigentes, como China, Estados Unidos e União Europeia. O escândalo gerou preocupação entre investidores e autoridades, levantando debates sobre a necessidade de uma regulamentação mais rigorosa para evitar novos casos de fraude no setor.

De acordo com a reportagem, muitos investidores acreditavam ter adquirido bovinos, mas descobriram que possuíam poucos ou nenhum animal registrado em seus nomes. A maioria das vítimas são uruguaios urbanos de classe média que viam o setor agropecuário como um investimento seguro. "Isto é uma crise social. Há pessoas que investiram todo o seu dinheiro nessas empresas", afirmou María Laura Capalbo, presidente da ordem nacional dos advogados do Uruguai.

Os advogados dos sócios fundadores das empresas envolvidas informaram que seus clientes não irão comentar as acusações no momento. Enquanto isso, o setor pecuário uruguaio enfrenta desafios para recuperar a confiança de investidores e garantir a transparência em futuros negócios.

Fonte: Compre Rural