PF investiga venda de sentenças e lavagem de dinheiro no TJ-MS
Operação "Ultima Ratio" mira desembargadores, juízes e advogados por suspeita de corrupção e organização criminosa.

A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (24) a operação "Ultima Ratio" para investigar a venda de sentenças, lavagem de dinheiro e organização criminosa no Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJ-MS). Entre os alvos estão desembargadores, um juiz, um conselheiro do Tribunal de Contas e advogados.

A investigação aponta que filhos de desembargadores, em sua maioria advogados, atuavam como intermediários na negociação de decisões judiciais e utilizavam escritórios de advocacia para ocultar o fluxo de dinheiro.

Um dos casos sob suspeita envolve o desembargador aposentado Júlio Roberto Siqueira, que teria adquirido um imóvel de alto valor com recursos de origem não rastreável. A PF encontrou R$ 2,7 milhões em dinheiro na casa do ex-desembargador.

A operação cumpriu mandados de busca e apreensão em Campo Grande (MS), Brasília (DF), São Paulo (SP) e Cuiabá (MT). O ministro Francisco Falcão, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), determinou o afastamento de cinco desembargadores, incluindo o presidente do TJ-MS, Sergio Fernandes Martins.

As investigações apontam indícios de conflito de interesses em julgamentos de processos envolvendo partes representadas por desembargadores antes de assumirem o cargo. Também há suspeitas de favorecimento em casos com a participação de advogados de escritórios de parentes dos magistrados.

A PF identificou conversas entre uma analista judiciária e uma juíza que corroboram a hipótese de negociação de decisões judiciais. Em um dos diálogos, elas discutem a soltura de um traficante em uma decisão sob suspeita.

A operação "Ultima Ratio" representa um importante passo no combate à corrupção no Judiciário de Mato Grosso do Sul. As investigações continuam em andamento e novos desdobramentos são esperados.