Escândalo político no Paraguai: conversas de deputado morto revelam suspeita de corrupção
- porRedação
- 05 de Fevereiro / 2025
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O deputado paraguaio Lalo Gomez, acusado de proteger traficante | Créditos: Reprodução
Uma crise política de grandes proporções abala o Paraguai, desencadeada pela divulgação de conversas extraídas do celular do falecido deputado Eulalio Gomes, conhecido como "Lalo". Políticos, juízes e promotores de Justiça do país vizinho são mencionados em diálogos com o parlamentar do Partido Colorado, que era investigado por suspeitas de envolvimento com tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.
Eulalio Gomes, nascido em Ponta Porã (MS) e morto em agosto do ano passado em uma operação policial em Pedro Juan Caballero, era deputado e pecuarista na região de fronteira. A divulgação de suas conversas, autorizada pelo juiz Osmar Legal, expôs a magnitude do problema.
O vice-presidente do Jurado de Injuiciamiento de Magistrados, deputado Orlando Arévalo, ligado ao ex-presidente Horacio Cartes, é um dos nomes citados. Ele solicitou afastamento do órgão federal em meio às alegações.
A juíza Sadi López e as promotoras de Justiça Stella Mary Cano e Katia Uemura, que atuam na fronteira com Mato Grosso do Sul, também são mencionadas nas conversas de Lalo Gomes.
O escândalo, denominado “#AMafiaManda”, revela suposta corrupção no sistema judicial paraguaio. O procurador-geral Emiliano Rolón encaminhou denúncia contra a juíza, o deputado Arévalo e as promotoras para o Jurado de Injuiciamiento de Magistrados.
A Corte Suprema de Justiça instaurou processo administrativo contra a juíza Sadi López, acusada de trocar favores com Lalo Gomes. A imprensa paraguaia divulgou que, em uma das conversas, o deputado teria solicitado a liberdade do narcotraficante Ederson Salinas, conhecido como “Ryguazu”, que foi executado em Assunção.
A promotora Katia Uemura confirmou a autenticidade das conversas com Lalo Gomes, mas negou qualquer irregularidade. Ela alegou que recorreu ao então deputado em um momento de desespero, quando era investigada na Operação Pavo Real, que apurava o envolvimento de uma organização criminosa liderada pelo brasileiro Jarvis Gimenes Pavão.
O marido de Katia Uemura foi preso sob a acusação de integrar o esquema de lavagem de dinheiro do clã de Jarvis Pavão, mas ela foi inocentada. A promotora alegou falta de apoio político em Assunção e disse que buscou ajuda de Lalo Gomes para conseguir uma audiência no órgão responsável por investigar promotores e juízes.