Dr Odilon de Oliveira defende ações além da repressão ao comentar acordo entre Brasil e Interpol
- porRedação
- 09 de Junho / 2025
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| Créditos: Reprodução/Folha se SP
O ex-juiz federal Odilon de Oliveira comentou nesta segunda-feira (9) o acordo de intenções firmado entre o Brasil e a Interpol para ampliar a cooperação no combate ao crime transnacional. A declaração foi assinada durante visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à sede da organização internacional, em Lyon, na França. A matéria foi publicada pela Agência Brasil e reproduzida pelo portal Conteúdo MS.
Segundo o governo federal, o objetivo da parceria é reforçar o enfrentamento ao crime organizado, apoiar a modernização das forças de segurança e proteger grupos vulneráveis, respeitando os direitos humanos. Para o presidente Lula, a criminalidade ultrapassa fronteiras e exige respostas coordenadas. “Nenhum país isoladamente conseguirá debelar a criminalidade transnacional”, afirmou.
Odilon de Oliveira, conhecido por sua atuação no combate ao narcotráfico e ao crime organizado, elogiou a iniciativa, mas ponderou que o enfrentamento à criminalidade requer um esforço mais amplo que vá além da repressão. “O mundo enfrenta a criminalidade basicamente pelo ângulo da repressão, o que não é suficiente”, afirmou.
Para ele, são quatro os pilares indispensáveis no combate efetivo à criminalidade:
Prevenção — envolvendo ações sociais com base na família, educação e saúde;
Repressão — necessária devido à fragilidade da prevenção e que demanda grande investimento. “O Brasil gasta mais de R$ 150 bilhões por ano apenas com o Poder Judiciário”, destacou;
Recuperação de presos — apontada por ele como “caótica” no país. Segundo Odilon, o Brasil abriga cerca de 60% da população carcerária da América do Sul, ficando atrás apenas dos EUA e da Rússia no ranking mundial;
Reinserção social — considerada por ele como “muito raquítica”, já que depende diretamente da etapa anterior.
“A repressão é importante, mas não pode ser a única estratégia. Sem prevenção, recuperação e reinserção, o ciclo da criminalidade se perpetua”, concluiu.
Durante o evento na França, a Interpol homenageou Lula com uma medalha por sua atuação no combate ao crime transnacional. O presidente, por sua vez, condecorou o brasileiro Valdecy Urquiza, atual secretário-geral da Interpol, com a Ordem de Rio Branco no grau de Grande Oficial.
Urquiza anunciou ainda a criação de uma força-tarefa internacional com foco em organizações criminosas que atuam na América do Sul. Segundo ele, a ação reunirá dados de inteligência e recursos tecnológicos para apoiar operações conjuntas nos países da região.