Dólar supera em mais de R$ 1 o pico da crise de Dilma em termos reais
- porRedação
- 30 de Dezembro / 2024
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| Créditos: Reprodução/Folha UOL
A cotação do dólar em 2024 ultrapassou, em termos reais, o valor registrado durante a crise econômica que culminou no impeachment de Dilma Rousseff (PT). Em setembro de 2015, o dólar chegou a R$ 4,1450 em valores nominais, o que, corrigido pela inflação, equivale a R$ 5,08. Atualmente, a moeda americana é negociada a R$ 6,19, conforme fechamento de sexta-feira (27).
Entre 2015 e 2016, o Brasil enfrentou uma das piores recessões de sua história, com quedas consecutivas do PIB de 3,8% e 3,6%. Já em 2024, o crescimento econômico é estimado em 3,49%. Apesar disso, a dívida pública bruta continua em alta, alcançando 77,8% do PIB em outubro de 2024, contra 69,8% em 2016.
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Para especialistas, a alta do dólar reflete desafios internos e externos. Segundo Sergio Vale, economista da MB Associados, o câmbio atual reflete dificuldades fiscais acumuladas ao longo dos anos. "Estamos num cenário de contínua piora da dívida pública", afirma.
Adriana Dupita, da Bloomberg Economics, destaca que o cenário global também pesa. “Hoje temos um dólar globalmente mais valorizado, impulsionado pelo crescimento dos Estados Unidos e juros elevados. Comparado a 2016, há um maior estresse nos mercados.”
A perspectiva de novas altas preocupa analistas. Relatório do BTG Pactual projeta que, sem cortes significativos de gastos, o dólar pode alcançar R$ 7 no próximo ano. Para Gina Baccelli, do Itaú Unibanco, “o real, sendo uma moeda líquida em mercados emergentes, segue vulnerável às oscilações externas”.
Historicamente, a maior desvalorização do real ocorreu entre 1995 e 2002, no governo FHC, quando o dólar acumulou alta de 320,5%. Hoje, para alcançar o recorde real ajustado pela inflação daquele período, a moeda americana precisaria superar R$ 8,48.
A manutenção de fundamentos econômicos e fiscais sólidos é apontada como essencial para reverter o cenário. "Um compromisso claro com a sustentabilidade fiscal, como o adotado no início dos anos 2000, poderia recuperar a confiança e estabilizar o câmbio", conclui Nicholas McCarthy, do Itaú Unibanco.
Fonte: Folha UOL