Dólar fecha praticamente estável, após BC intervir para conter alta da moeda no Brasil; Ibovespa sobe

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O dólar fechou a sessão desta terça-feira (2) praticamente estável, após o Banco Central do Brasil (BC) ter feito um leilão adicional de "swap cambial" para conter parte do avanço da moeda norte-americana no país.

Na prática, essa operação significa que o BC vende dólar no mercado futuro, sem envolver as reservas brasileiras da moeda. É uma intervenção indireta da instituição no mercado de câmbio, que ocorre quando o dólar tem altas mais acentuadas. (entenda mais abaixo)

O Ibovespa, principal índice de ações na bolsa de valores, encerrou em alta.

Veja abaixo o resumo dos mercados.

Dólar
Ao final da sessão, o dólar fechou em leve queda de 0,02%, cotado a R$ 5,0582. Veja mais cotações.
Com o resultado, acumula:

alta de 0,86% na semana e no mês;
alta de 4,24% no ano.
Ontem, antes do anúncio do BC sobre o leilão cambial, a moeda fechou o dia em R$ 5,0591, no maior patamar desde outubro.


Ibovespa
Já o Ibovespa encerrou em alta de 0,44%, aos 127.549 pontos.

Na véspera, o índice havia fechado em 126.990 pontos.

Com o resultado, acumula:

queda de 0,88% na semana e no mês;
recuo de 5,35% no ano.

Entenda o que faz o dólar subir ou descer

O BC anunciou na noite de segunda-feira (1º) que faria nesta sessão um leilão adicional de swap cambial tradicional, no valor de US$ 1 bilhão. Essa foi a primeira intervenção sem fins de rolagem da autarquia no mercado de câmbio desde o final de 2022.

O BC justifica que fez o leilão para suprir a demanda pelo vencimento de NTN-A3, um título público indexado ao dólar que há anos não é negociado pelo Tesouro Nacional, mas ainda há no mercado brasileiro instituições que detêm o papel em suas carteiras.

Em meados deste mês vencerão um total de R$ 18,534 bilhões em NTN-A3s que foram negociadas em 1997. Em valores atuais, isso equivale a cerca de US$ 3,6 a US$ 3,7 bilhões, de acordo com participantes do mercado.

Como os detentores desses papéis no Brasil carregaram algumas posições vendidas em dólar ao longo dos anos para cobrir a exposição a estes títulos, agora que os papéis vão vencer é preciso encerrar estas posições vendidas -- o que é feito por meio da compra de dólares.

Assim, o BC anunciou o leilão de swap tradicional, operação com efeito equivalente à venda de dólares no mercado futuro, para evitar pressões adicionais diante da demanda dos detentores das NTN-A3. No total, foram vendidos 20 mil contratos.

Apesar da justificativa do BC, no entanto, parte dos analistas ainda atribui a ação apenas ao fato de o dólar ter saltado 0,86% na véspera, ao maior valor de fechamento desde 13 de outubro do ano passado. Na véspera, a moeda encerrou cotada em R$ 5,0591. A alta acumulada foi de 1,57% em dois dias úteis.

Enquanto isso, no exterior, o índice que compara o dólar a uma cesta de pares fortes tinha queda, perdendo fôlego depois de mais cedo tocar uma máxima em cinco anos, o que ajudou a dar alívio às divisas de países emergentes.


Na agenda, investidores voltaram atenções para mais dados econômicos norte-americanos, divulgados nesta terça-feira.

Segundo informações divulgadas pelo Departamento do Comércio dos EUA, as novas encomendas à indústria aumentaram 1,4% em fevereiro, após terem registrado queda de 3,8% em janeiro. O resultado veio acima do esperado pelo mercado, que projetava uma alta de 1,0% no mês.

Já o Departamento do Trabalho norte-americano informou que as vagas de emprego em aberto no país ficaram estáveis em níveis mais altos em fevereiro, enquanto o número de pessoas que deixaram seus empregos aumentou marginalmente.

Além disso, novos comentários de autoridades do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) também ficaram no radar, conforme investidores seguem em busca de novos sinais sobre os próximos passos da autarquia nos juros norte-americanos.

Nesta terça, a presidente da distrital do Fed de Cleveland, Loretta Mester, afirmou que continua a acreditar que o BC dos EUA está no caminho certo para reduzir os juros neste ano, mas ainda precisa ver os dados confirmarem que tal movimento é possível.

"Se a economia evoluir conforme o esperado, então, em minha opinião, será apropriado que [o Comitê Federal de Mercado Aberto] comece a reduzir a taxa de juros ainda este ano, conforme a inflação continuar em sua trajetória descendente rumo a 2% e o mercado de trabalho e o crescimento econômico permanecerem sólidos", afirmou em evento realizado pela National Association for Business Economics, ela Cleveland Association for Business Economics e pela Team NEO.


Operadores estão precificando uma chance de 62% de o Fed cortar os juros em 0,25 pontos percentuais em junho, e veem mais duas reduções em 2024, de acordo com a ferramenta FedWatch do CMEGroup.

*Com informações da Reuters

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