Policiais civis de Mato Grosso do Sul foram acusados de desviar cargas de cocaína apreendidas pela PRF e Polícia Civil, revelando um esquema de corrupção que envolveu o transporte do entorpecente. Hugo César Benites e Anderson César dos Santos Gomes, de Ponta Porã para Campo Grande, eram os principais envolvidos, recebendo cerca de R$ 80 mil por cada transporte da substância.

A Operação Snow, deflagrada em 26 de março, expôs o esquema, levando à prisão de Benites, que se entregou no Paraguai, e Santos Gomes, já detido por transportar cocaína para o grupo. Segundo o Gaeco, a organização era altamente estruturada, com logística sofisticada e divisão de tarefas claras.

A investigação revelou que parte da cocaína apreendida pela Defron em uma incineração em Dourados, em maio de 2023, coincidia com a droga transportada pelos policiais civis para Campo Grande no mesmo dia. As viaturas passaram por postos da PRF em Dourados e Sidrolândia antes de descarregar o entorpecente na capital.

Campo Grande era o principal entreposto da quadrilha para armazenar e distribuir a cocaína para outros estados. Liderada por Joesley da Rosa, a organização contava com uma estrutura hierárquica complexa, incluindo Valdemar Kerkhoff Júnior, que foi morto em 2023, e Douglas Santander, conhecido como "Dodô".

A operação revelou que o grupo cooptava policiais para transportar a droga em viaturas oficiais, utilizando o chamado "frete seguro", evitando assim a fiscalização policial. Além disso, a cocaína era ocultada em cargas lícitas, dificultando ainda mais a detecção nas rodovias.

A lista de presos na operação inclui policiais civis, empresários e outros indivíduos ligados ao esquema de tráfico de drogas. A descoberta do esquema ressalta os desafios enfrentados pelas autoridades na luta contra o crime organizado e a corrupção.

Lista dos presos na operação
Hugo Cesar Benites – policial civil;
Rodney Gonçalves – empresário com passagens de tráfico de drogas em São Paulo;
Jucimar Galvan – empresário preso durante a operação com arma em casa;
Adriano Diogo Veríssimo – motorista de caminhão com passagem por violência doméstica;
Anderson Cesar dos Santos – auxiliar administrativo com passagem por roubo;
Bruno Ascari – motorista de caminhão;
Ademar Almeida Ribas;
Ademilson Cramolish Palombo – estava envolvido no caso do garagista Alma, desaparecido. Ademilson devia mais de R$ 160 mil a Carlos Reis de Medeiros, que nunca teve o corpo encontrado;
Douglas Lima de Oliveira, acusado de matar em outubro de 2022 Cristian Alcides Lima Ramires;
Darli Oliveira Santander – empresária;
Eric do Nascimento Marques;
Fábio Antônio Alves da Silva;
Fernando Henrique Souza dos Santos – motorista entregador e passagens por tráfico, sendo preso pela Denar em outubro de 2023;
Frank Santos de Oliveira – preso com arma em casa durante a operação;
Joesley da Rosa – motorista de caminhão
Luiz Paulo da Silva;
Márcio André Rocha Farias – auxiliar de vendas;
Mayk Rodrigo Gama – passagens por furtos de carros em vários bairros da cidade;
Natoni Lima de Oliveira;
Paulo Cesar Jara Ibarrola;
Welington Souza Lima, conhecido como ‘Garganta', com passagens por furtos.