Em seu discurso de despedida do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS), o desembargador Sérgio Fernandes Martins, que retomou a presidência após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), abordou a Operação Última Ratio e expressou sua visão sobre o caso.

Martins classificou a investigação como "frágil e enviesada", afirmando que a operação teve como objetivo macular sua honra e atingir sua família. O desembargador criticou o que chamou de "erros grosseiros" na investigação, destacando que não permitirá que tais erros afetem seu legado.

"Não poderia jamais deixar aqui um vazio em torno de acontecimentos recentes, amplamente repercutidos na mídia local e nacional, sobre o que tentaram de maneira canhestra e covarde, macular minha honra, atingir minha família e colocar em dúvida minha história, sempre pautada pela honradez, pelo dever republicano e pelo respeito às leis", declarou Martins.

O desembargador também expressou sua preocupação com o impacto da modernidade e das redes sociais na vida pública, mencionando a facilidade de manipulação de narrativas e a disseminação de informações falsas.

"Somos todos nus, em todos os lugares, podendo ser vitimados de inúmeras maneiras pela chamada comunidade da informação, no qual é possível manipular narrativas, alterar falas e imagens, tudo que atingir objetivos politicamente danosos a quem quer que seja. Trabalhos construtivos e exitosos que desenvolvemos durante anos podem ser simplesmente destruídos num simples apertar de botão por alguém escondido numa sala de escritório. Escura em qualquer canto do planeta", argumentou.

Apesar das críticas à investigação, Martins reafirmou sua confiança na Justiça e pediu que a sociedade continue acreditando no Poder Judiciário.

"Deixo aqui esse desabafo necessário para que todos os sul-mato-grossenses de coração saibam que pode confiar no judiciário, pois temos a certeza de que nosso trabalho é fundamental para a melhoria do processo... Desejo o êxito ao novo presidente e a nova administração e peço a todos que acreditaram em nosso trabalho", concluiu Martins.

A Operação Última Ratio, deflagrada em 24 de outubro de 2024 pela Polícia Federal e Receita Federal, investigou suspeitas de venda de sentenças judiciais no TJMS. Cinco desembargadores foram afastados de suas funções, incluindo o então presidente Sérgio Martins. Em dezembro de 2024, o ministro Cristiano Zanin, do STF, autorizou o retorno de Martins à presidência do TJMS, suspendendo medidas cautelares.

O desembargador Dorival Renato Pavan assumiu a presidência do Judiciário nesta segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025, após o término do mandato de Sérgio Martins. A nova administração do TJMS será composta pelos desembargadores Dorival Renato Pavan (Presidente), Fernando Mauro Moreira Marinho (Vice-Presidente) e Ruy Celso Barbosa Florence (Corregedor-Geral de Justiça).

Fonte: Campo Grande News