“Bolso Cheio e Privilégios”
- porPor Alcina Reis
- 29 de Setembro / 2024
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Em um cenário eleitoral onde a concorrência é acirrada, Ana Portela, filha do influente Tenente Portela, presidente estadual do Partido Liberal em Mato Grosso do Sul, se destaca a peso de ouro. Enquanto seus colegas de partido nadam em um mar de dificuldades financeiras, Ana parece surfar em ondas de privilégios que se destacam de forma impressionante.
Os colegas de partido não têm escondido seu descontentamento. Queixas sussurradas ecoam nos corredores das reuniões do PL, onde se discute o inegável abismo que separa Ana de seus pares. Com um tempo de exposição nas mídias que faz inveja a muitos, Ana aparece em vídeos ao lado de figuras como Jair e Michele Bolsonaro, como se tivesse sido escolhida para um papel em um filme de sucesso, enquanto outras candidatas lutam para encontrar espaço na tela.
Mas o que realmente choca é o montante que abastece sua campanha.
A quantia de R$ 400 mil recebida do fundo partidário é, simplesmente, dez vezes maior que o que o colega Cassi Monteiro, por exemplo, arrecadou: míseros R$ 30 mil. Se somarmos os recursos das demais candidaturas, a diferença é ainda mais gritante.
Ana recebeu quase a mesma quantia que todas as outras nove mulheres juntas do PL, que totalizam R$ 450 mil.
A matemática política é, muitas vezes, cruel. Entre os que já trilharam o caminho da política, nomes como André Salineiro e Rafael Tavares também se destacam, mas com valores irrisórios perto do que Ana arrecadou. A primeira, o ex-vereador de Campo Grande, viu seu esforço ser recompensado com R$ 170 mil, enquanto o segundo ficou com R$ 200 mil. E, neste jogo, Ana ainda não carrega a experiência de um mandato, mas parece ter conquistado um passaporte dourado.
Essa situação levanta dúvidas.
O que aconteceria se todos os outros candidatos do PL desistissem da disputa? Ficariam à mercê de uma única voz, a da debutante, cuja trajetória política até agora se retoma a ser filha de quem é. E se, em vez de uma competição justa, estamos diante de uma seleção onde o sobrenome pesa mais do que a competência?
E você, caro leitor, o que pensa disso?
Em tempos de mudança e necessidade de novos ares, o que vale mais: o nome que você carrega ou a capacidade que você tem?
Por Alcina Reis