Acusado de incêndio na Serra do Amolar, dono de pousada diz ser vítima e denuncia suposta armação
- porRedação
- 12 de Março / 2024
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Ponto de origem de incêndio que destruiu região da Serra do Amolar | Créditos: Divulgação PMA
Roberto Carlos Conceição de Arruda, proprietário de uma pousada na região da Serra do Amolar, foi multado em R$ 9,6 milhões por um incêndio que consumiu 1.289,67 hectares de vegetação em uma área de proteção. Ele nega veementemente as acusações e alega ser vítima de uma conspiração para desalojá-lo das terras.
"Eu já recorri contra essa multa de R$ 9 milhões. Porque não fui eu que toquei o fogo. O fogo iniciou num baceiro, a um quilômetro aqui de casa. Eu já denunciei que isso aí foi uma armação que fizeram contra mim", afirma Roberto Carlos.
Arruda suspeita que Ângelo Rabelo, presidente do Instituto Homem Pantaneiro (IHP), tenha interesse nas terras. "Toda essa área aqui é armação dele, ele quer tomar conta de toda essa área", declara.
Segundo ele, um grande incêndio ocorreu em 2020 em uma área sob responsabilidade do instituto, mas não foi investigado adequadamente. "Em 2020, o fogo começou a 30 metros, na área ali da reserva Eliezer Batista, que hoje o instituto toma conta. E o fogo começou na porta dele e ninguém tomou as providências. Queimou mais de 600, 700 mil hectares aqui no nosso Pantanal e isso foi caso abafado. Estão me acusando que eu taquei o fogo, então eu quero providência também", diz.
Além disso, Roberto afirma que o baceiro, onde o fogo teve início, não é pasto, mas sim uma formação aquática no Rio Paraguai.
O incêndio começou em 27 de janeiro e se estendeu até 31 daquele mês. Em 14 de fevereiro, Arruda registrou um boletim de ocorrência por calúnia, apontando o Instituto Homem Pantaneiro como responsável pelas acusações.
A defesa de Roberto está organizando provas relacionadas ao caso e notificará o Imasul (Instituto de Meio Ambiente de MS), segundo seu advogado, Nelson Araújo Filho.
Procurado para comentar as alegações de Arruda, o presidente do IPH, Coronel Ângelo Rabelo, afirmou que cabe às autoridades competentes investigar o ocorrido e que o instituto atua para prevenir e combater incêndios florestais na região do Alto Pantanal.
Conforme o auto de infração do Imasul, o incêndio começou a 400 metros da Pousada Dois Corações, de propriedade de Roberto Carlos, em uma Área de Preservação Permanente (APP). A falta de outra propriedade próxima do ponto de ignição e o interesse de Arruda na ampliação do pasto foram determinantes para imputar a ele a responsabilidade pelo incêndio.
O promotor Pedro de Oliveira Magalhães, da 2ª Promotoria de Justiça de Corumbá, solicitou apoio do Nugeo, o Núcleo de Geotecnologias do Ministério Público, para análise das imagens de satélite do imóvel rural Pousada Dois Corações. Arruda tem um prazo de dez dias para apresentar informações e documentos relevantes, incluindo eventuais autorizações ambientais.