
| Créditos: Arquivo pessoal
Vilas Boas, Campo Grande — por muito tempo, as esquinas da Rua Nicomedes Vieira de Rezende com a Miguel Sutil passaram despercebidas, iguais a tantas outras em bairros comuns. Mas agora, sob o sol do Centro-Oeste, ergue-se uma homenagem que, mesmo tardia, é mais do que justa: a praça “Antônio Morais dos Santos”.
Empresário, pecuarista, ex-prefeito e deputado estadual, Antônio Morais dos Santos passou grande parte da vida construindo realidades — como quem ergue cercas de fazenda, mas também como quem planta esperança. Ele foi o grande benfeitor da estrutura do Hospital do Câncer de Barretos em Campo Grande.
Foi em 2011 que Antônio concretizou sua doação milionária ao hospital. Ali, ele anunciou que seu sonho era simples: criar um espaço que atendesse com dignidade — não apenas curar, mas acolher, prevenir, amparar. E ali também jaz uma lição rara para tempos de urgência: a doação foi feita antes que ele partisse, e isso dá novo sentido à frase “antes tarde do que nunca”. Não era um legado de obituário, mas de vida compartilhada.
A praça recebeu seu nome por meio de um projeto de lei aprovado por vereadores da Capital. A homenagem foi oficializada no Diário Oficial e agora marca a memória de um homem que deixou sua marca em concreto e compaixão.
Seu legado social vai além da estrutura física que ajudou a erguer. Antônio acreditava que a verdadeira grandeza está em devolver à sociedade parte do que a vida oferece. O hospital que construiu acolhe, todos os dias, pessoas em busca de esperança — muitas das quais jamais o conheceram, mas ainda assim colhem os frutos de sua generosidade. Seu exemplo permanece como um chamado ao compromisso coletivo, à empatia e à responsabilidade social.
No entanto, essa homenagem reflete também o atraso que a própria morte impõe. Antônio faleceu em dezembro de 2013, aos 92 anos. A praça, contudo, só agora recebe sua figura de volta ao chão. Mas nem por isso é menos significativa.
Porque, no fundo, homenagear uma vida de ações sociais não é apenas correr atrás do passado — é abrir o futuro. O nome de uma praça pode parecer modesto, até pequeno, diante do imenso valor de um hospital inteiro. Mas, para quem passa por ali, senta no banco sombreado e respira o ar suave da tarde, aquela placa diz: alguém se importou. E foi tarde, mas não tarde demais.
Antes tarde do que nunca — sim. Porque a justiça, ainda que tardia, é justiça. Porque o reconhecimento, mesmo que demorado, mostra que o afeto social existe. E porque a praça renasce hoje como símbolo: de gratidão, de memória e da certeza de que ações como as dele não têm validade vencida.
Que o nome de Antônio Morais dos Santos inspire não apenas o silêncio respeitoso diante de uma história bonita, mas o impulso para construir outras praças — outros hospitais, outros gestos de cuidado. Afinal, se todo atraso é reescrito pela ação, melhor tarde do que nunca.
Meu eterno respeito e gratidão ao Sr Antônio Morais
Por Alcina Reis
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Jornalista Alcina Reis | Créditos: Arquivo pessoal