Dólar recua a R$ 5,44 e Ibovespa fecha 4º pregão seguido com ganhos e tem 1ª semana positiva em junho
- porInfoMoney
- 21 de Junho / 2024
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Dólar cai | Créditos: Arquivo Tribuna do Brasil
Sextou! E sextou com uma boa notícia! O Ibovespa fechou o dia com alta ampla de 0,74%, aos 121.341,13 pontos, um ganho de 895,22 pontos. Assim, o índice fechou a semana no positivo, com 1,40%, a primeira depois de quatro negativas – não havia uma semana positiva desde os cinco pregões entre 13 e 17 de maio.
Mais do que isso, é a quarta sessão no azul em sequência, algo que não acontecia desde fevereiro deste ano, ou quatro meses atrás. A última vez que o Ibovespa fechou quatro sessões seguidas no positivo aconteceu nos seis pregões entre 15 e 22 de fevereiro de 2024, com 0,62% (dia 15), 0,72 (dia 16), as duas altas na semana encurtada pelo carnaval; 0,24% (dia 19), 0,68% (dia 20), 0,09% (dia 21) e 0,16% (dia 22), fechando aquela sequência com 130.240,55 pontos. De lá para cá, como se percebe, o Ibovespa perdeu quase 9 mil pontos. Ainda assim, há o que festejar.
Sextou também para o dólar comercial, que caiu 0,39%, a R$ 5,44, a primeira queda depois de cinco altas. Um alívio. E sextou também para os DIs (juros futuros), que recuaram por toda a curva de vencimentos.
Bolsa e política
O que fez o mercado sacudir a poeira após o “fator Lula” de ontem, quando o presidente da República, em entrevista, criticou a independência do Banco Central, foi que mesmo com os ataques do político, o ajuste fiscal deve acontecer. Ou seja, a verborragia é política e não indicação de uma ação. É o que diz o analista político Ricardo Ribeiro, da consultoria MCM Consultores. Para ele, há uma distância relevante entre discurso e prática que precisa ser levada em consideração, e os acenos recentes dificilmente resultariam em medidas como uma tentativa efetiva em reverter a autonomia do BC ou a apresentação de um sucessor para Roberto Campos Neto com “exacerbada rejeição no mercado”. Da mesma forma, o especialista acredita que a agenda de revisão de despesas deve ter avanços.
“As medidas de ajuste fiscal não serão tão amplas como o mercado gostaria. E o próximo presidente do BC não terá, possivelmente, o perfil ideal do ponto de vista do mercado”, o especialista segue. “Mas, a nosso ver, nos dois casos, as decisões de Lula estarão mais alinhadas do que opostas às preferências do mercado. Ou seja, tendem a ajudar a reduzir a crise de confiança a respeito da direção da política econômica no restante do mandato de Lula”.
“Eu vejo que o dólar aqui está muito dependente não só do Brasil, mas de fora também, dos juros lá fora, principalmente, pois a decisão sobre os juros aqui já era previsível”, segundo Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos. “A taxa se mantém inalterada, então o dólar já subiu o que tinha que subir. Vamos ver agora se ele começa em algum momento a cair, mas não vejo, na minha visão, o dólar ter um viés altista por um tempo maior. Não tem nada de novo para acontecer nos juros aqui e nos juros lá fora, a menos que alguma declaração polêmica aconteça, algum fator político interfira no mercado, ou a guerra piore, por exemplo. Aí sim obviamente isso pode mandar o dólar para cima. Caso contrário, já deveria estar na hora do dólar parar de subir”.
Os juros estão no radar. Francisco Nobre, economista da XP, que participou nesta sexta-feira (21) do Morning call da XP, disse que, “geralmente, o Fed lidera a política monetária ao redor do mundo. Eles começam a fazer movimento e outros bancos centrais seguem com movimentos parecidos. E nesse ciclo atual, parece que o Fed será o último a se movimentar”, lembrando que o Banco da Inglaterra deve começar a descer a taxa em breve e o Banco Central Europeu já fez um corte. “Outros bancos centrais do mundo vão fazer seus movimentos apesar de o Fed continuar em compasso de espera, mas isso não quer dizer que o Fed não possa influenciar a política monetário ao redor do mundo”, comentou.
Para Lula, não há critério para a Selic atual. “A Caixa Econômica e o Banco do Brasil, sozinhos, têm mais créditos disponibilizados hoje do que os outros três bancos grandes. Por que isso? Porque o sistema financeiro brasileiro não está preocupado em fazer investimento na produção, no setor produtivo”, ressaltou o presidente Lula. E acrescentou, cutucando: “Ele (o sistema financeiro brasileiro) está interessado em especular. É por isso que a taxa de juros fica a 10,5% sem nenhuma explicação, sem nenhum critério”.
Ibovespa sobe mesmo com perdas da Vale; Petrobras avança
Superada a questão política, as ações puderam ser negociadas sem o peso das declarações dos agentes públicos envolvidos. O Ibovespa só não subiu mais porque a Vale (VALE3) caiu 0,93%, com o minério de ferro balançando do outro lado do mundo. Apesar da queda, a estratégia em metais básicos rende elogios.
A Petrobras (PETR4), por sua vez, subiu 0,60%, a despeito da queda das principais referências do petróleo internacional. Os bancos ficaram mistos, com BB (BBAS3) e Itaú Unibanco (ITUB4) avançando 0,83% e 0,58%, enquanto Bradesco (BBDC4) e Santander (SANB11) recuaram 0,08% e 0,18%.
B3 (B3SA3) foi a mais negociada do dia, com alta de 0,68%, impulsionada também pelo recente rali em São Paulo.
As varejistas igualmente subiram, especialmente Magazine Luiza (MGLU3) e Lojas Renner (LREN3), com 1,50% e 0,16%, respectivamente. Zamp (ZAMP3) disparou 12,80%: conselho da dona do Burger King BR elegeu novo CEO. Já Sabesp (SBSP3) ganhos fartos 3,87%, com expectativa por oferta de ações para privatização.
A próxima semana será agitada no campo dos dados. Terça-feira (25), sai a ata da última reunião do Copom; no dia seguinte, tem o IPCA-15 de junho; por fim, os números do Caged e da PNAD Continua de maio serão conhecidos na quinta e sexta-feira, respectivamente. Nos EUA, quinta-feira, tem nova prévia do PIB do 1T24, e sexta encerra a semana com nada mais, nada menos do que com os dados do PCE, a inflação de consumo pessoal, o índice preferido do Federal Reserve. Sextou? (Fernando Augusto Lopes)