O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Dias Toffoli, disse que o Brasil enfrenta aquilo que ele definiu como "uberização da política", durante entrevista ao "Roda Viva", da TV Cultura.
"Hoje, nós temos que pensar que as pessoas estão fazendo uma 'uberização da política'. O que está ocorrendo é que nessa 'uberização', as pessoas querem fazer política diretamente, querem o serviço na hora", avaliou ele, fazendo trocadilho com o nome do aplicativo Uber.
Toffoli citou a nova maneira de fazer política que surgiu com as novas tecnologias e deu como exemplo o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que fala diretamente para o seu eleitor.
"Não há como negar que o presidente Bolsonaro foi eleito pela direita com uma proposta política liberal na economia e conservadora nos costumes. Ele colocou essa proposta pelos meios digitais e obteve a vitória nas urnas, quando 57 milhões de eleitores votaram nele.
(...) Ou seja, temos que pensar que hoje a forma de se fazer política com as novas tecnologias está mudando."
Durante a entrevista, Toffoli foi questionado ainda se a democracia no Brasil estaria em risco após atos antidemocráticos promovidos por apoiadores de Bolsonaro que pediam o fechamento do STF e do Congresso Nacional.
"A democracia é fruto da cultura humana e tem de ser defendida. Outra, o que está em jogo hoje não é a democracia em si, é a democracia representativa."
Toffoli disse também que Bolsonaro "dialoga" com extremos, "embora nunca tenha ouvido dele nada contra o Supremo".
"Ele dialoga com esse eleitor falando com os extremos, para tentar puxar o centro para lá. É uma linha política centrífuga, e evidentemente, que acaba havendo por parte de apoiadores —nunca ouvi diretamente dele, por exemplo, a respeito de algo contra o Supremo—, mas ele sim tem uma base que votou nele, e uma base de extremistas que defendem fechar o Supremo, o que é antidemocrático".